Trump promete 'domínio' dos EUA no espaço com viagens à Lua e Marte

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 19/06/2018 às 15:42
Foto: Scott Olson/Getty Images/AFP
Foto: Scott Olson/Getty Images/AFP FOTO: Foto: Scott Olson/Getty Images/AFP

O presidente Donald Trump ordenou nesta segunda-feira ao Pentágono a criação de uma nova "força espacial", prometendo o "domínio americano" na exploração da Lua e de Marte, mas também em uma eventual guerra pelo espaço.

Os "Estados Unidos serão sempre os primeiros no espaço", disse Trump durante um discurso na Casa Branca.

"Não queremos que China nem Rússia e outros países nos dominem", acrescentou, apontando que seu governo "retomará o legado dos Estados Unidos como principal país na exploração espacial".

O presidente retomou um ponto que já havia evocado anteriormente: a criação de uma força espacial independente da força aérea, uma ideia polêmica em Washington, e especialmente dentro do Pentágono.

A decisão cabe ao Congresso, mas nesta segunda-feira ele ordenou ao Departamento de Defesa começar a estabelecer as bases.

"Estou me dirigindo ao Departamento de Defesa e ao Pentágono para que comecem imediatamente o processo necessário para criar uma força espacial como a sexta divisão das forças armadas", disse Trump no início do terceiro encontro do Conselho Nacional Espacial, um órgão consultivo a cargo do vice-presidente, Mike Pence.

"Teremos a força aérea e teremos a força espacial, separadas mas iguais", acrescentou sobre esta iniciativa.

"Quando se trata de defender os Estados Unidos, não basta ter nossa presença no espaço, é preciso que haja um domínio americano do espaço".

Uma porta-voz do Pentágono indicou sem entusiasmo que o processo será longo e dependerá de uma comissão criada recentemente. "Em união com o Congresso será um processo cuidadosamente pensado, que levará em conta as recomendações de vários atores", disse Dana White.

"Toda mudança deverá ser adotada pelo Congresso", ressaltou o deputado da minoria democrata Adam Smith, membro da comissão de Defesa da Câmara de Representantes.

- Controle do trânsito espacial -

Trump, que não especificou os detalhes nem o papel específico desta força espacial, insiste no desenvolvimento do setor espacial desde que chegou ao poder.

Fez um chamado a aumentar o orçamento da Nasa, e em dezembro ordenou que a agência espacial americana volte à Lua pela primeira vez desde 1972 e que prepare missões a Marte.

O presidente também defendeu uma desregulamentação para acelerar o processo de autorização que as companhias privadas devem cumprir antes de lançar um foguete ou um satélite.

O setor espacial americano está em pleno auge, mas a Nasa mudou seu papel em relação à época das missões Apollo (1961-1972) e dos ônibus espaciais (1981-2011), e agora é mais um cliente que um operador.

Desde 2012, a agência tem um contrato com duas empresas, SpaceX e Orbital ATK, para aprovisionar a estação espacial internacional. Não envia astronautas desde 2011, e depende das naves russas Soyuz.

O governo de Trump quer privatizar a estação espacial a partir de 2025, uma ideia controversa no Congresso, para redirecionar os recursos da Nasa ao retorno dos astronautas à Lua.

"Esta vez faremos mais que plantar nossa bandeira e deixar nossas pegadas. Estabeleceremos uma presença de longo prazo (...) e prepararemos as bases para uma futura missão a Marte", afirmou Trump, um objetivo compartilhado pelo novo administrador da Nasa, Jim Bridenstine, um legislador republicano nomeado pelo presidente.

No imediato, com a assinatura de duas diretrizes recentes, Trump transferiu alguns poderes do Pentágono ao Departamento de Comércio para a regulação de objetos em órbita.

O Departamento de Defesa calcula que há cerca de 20.000 objetos (satélites ativos ou mortos, escombros e restos de foguetes), dos quais 800 são satélites americanos privados em atividade, uma cifra que deverá aumentar significativamente.