iPal, o robô professor e amigo das crianças

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 17/06/2018 às 15:29
iPal, da Avatarmind (AFP PHOTO / - / China OUT)
iPal, da Avatarmind (AFP PHOTO / - / China OUT) FOTO: iPal, da Avatarmind (AFP PHOTO / - / China OUT)

Ele fala dois idiomas, dá aulas de matemática, brinca e interage através de um tablet no peito: é o "iPal", o robô concebido para ser amigo das crianças.

"iPal" é um dos robôs educativos apresentados esta semana no Salão da eletrônica de consumo (CES, sigla em inglês) de Xangai, grande simpósio da inovação tecnológica da Ásia.

Tem a estatura de uma criança de cinco anos, se move sobre rodas, está dotado de braços articulados e leva no peito um grande tablet. Seus olhos estão equipados com uma tecnologia de reconhecimento facial.

"A ideia é que este robô se torne um colega para as crianças", explica Tingyu Huang, cofundador da AvatarMind Robot Technology, uma start-up nascida há quatro anos e com sede em Nankin (leste da China). "Quando a criança vê nosso robô, considera-o um amigo, como outra criança da família", diz, e afirma que o robô realiza mais funções que os aparelhos inteligentes comercializados pela americana Amazon ou pelos gigantes tecnológicos chineses Alibaba e Baidu.

iPal no stande da Avatarmind na Consumer Electronics Show (CES) Asia (AFP PHOTO / - / China OUT)

Este robô branco, com detalhes em rosa ou azul, permite, por exemplo, que os pais falem à distância com seus filhos e os monitorem, graças a sensores que ouvem e veem tudo o que acontece ao seu redor. Para os casais jovens que trabalham, cuidar dos filhos é complicado. Alguns ficam com os avós ou vão à creche. Os criadores de "iPal" estimam que este pode ser como um "companheiro" em casa.

"Não acho, no entanto, que os robôs possam substituir os pais e professores", afirma Huang. "É um instrumento complementar para aliviar a carga".

"Os chineses são muito receptivos às novas tecnologias. As companhias promovem assistentes virtuais, os consumidores estão familiarizados" com o conceito, comenta Hattie He, analista do gabinete Canalys.

- Dança pop -

A China transformou a inteligência artificial em uma das prioridades de seu plano de desenvolvimento tecnológico "Made in China 2025". O primeiro robô humanoide chinês, capaz de manter uma conversa simples, foi apresentado em 2017 no salão da eletrônica de consumo de Las Vegas (Estados Unidos).

No CES de Xangai, junto com as tecnologias 5G ou de realidade virtual, os veículos autônomos e os objetos conectados, havia uma dezena de robôs "iPals" alinhados em três fileiras dançando ao som de canções populares chinesas. "São um encanto! Estava pensando justamente que minha filha de dois anos ia adorar", comenta o australiano Mike Stone.

O robô custa cerca de 9.000 yuans (1.200 euros, 1.400 dólares) o modelo padrão e até 13.000 yuans (1.720 euros, 2.000 dólares) o de luxo, com uma tela maior e uma bateria de maior duração. Além de entreter as crianças, os robôs chineses poderiam ajudar a resolver o problema da dependência em um país onde os idosos preferem viver em casa e onde as residências da terceira idade escasseiam.

A AvatarMind se dispõe a lançar um robô para falar com os idosos, lembrá-los de tomar seus remédios e inclusive ligar para o hospital se caírem em casa.