Encontradas na China pegadas de animais mais antigas já conhecidas

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 07/06/2018 às 9:28
As pegadas se encontram a milímetros umas das outras, formando duas fileiras (AFP PHOTO / Virginia Tech University / HO)
As pegadas se encontram a milímetros umas das outras, formando duas fileiras (AFP PHOTO / Virginia Tech University / HO) FOTO: As pegadas se encontram a milímetros umas das outras, formando duas fileiras (AFP PHOTO / Virginia Tech University / HO)

As pegadas de animais mais antigas conhecidas até agora, que datam de ao menos 541 milhões de anos, foram descobertas na China, segundo um estudo publicado na revista americana Science Advances.

Não está claro exatamente a que tipo de criatura correspondem as pegadas, que se encontram a milímetros umas das outras, formando duas fileiras de marcas pouco profundas impressas em calcário. "Este é considerado o primeiro registro de pegada fóssil animal", indica o relatório.

As marcas foram encontradas na área das Gargantas do rio Yangtzé, no sul da China, e datam do período Ediacarano, há entre 541 e 635 milhões de anos. "A pedra que contém o fóssil foi muito bem datada entre 551 e 541 milhões de anos de antiguidade", disse à AFP por e-mail o autor do estudo, Zhe Chen, pesquisador da Academia de Ciências da China. "As pegadas anteriormente identificadas têm entre 540 e 530 milhões de anos. Estes fósseis provavelmente têm até 10 milhões de anos a mais".

A criatura que produziu as pegadas não morreu perto delas, de modo que seu fóssil não foi encontrado para ser estudado, deixando um mistério sobre o tipo de animal a que pertencem. "Não sabemos exatamente quais animais deixaram estas pegadas, só que devem ter sido bilateralmente simétricos porque tinham extremidades pares", disse Chen.

"Ao menos três grupos vivos de animais têm extremidades pares (representados por artrópodes como as mamangabas, anelídeos como os poliquetas e tetrápodes como os humanos). Artrópodes e anelídeos, ou seus antepassados, estão dentro das possibilidades".

O animal parece ter detido sua marcha de vez em quando, já que os rastros parecem estar conectados a tocas que podem ter sido escavadas no sedimento, "talvez para extrair oxigênio e comida", detalha o relatório.

As pegadas fósseis oferecem "algumas das evidências mais antigas conhecidas de extremidades de animais e estendem o mais antigo traço fóssil registrado de animais com extremidades do início do Cambriano (485 a 541 milhões de anos atrás) até o final do Período Ediacarano".

Os pesquisadores que participaram do estudo são do Instituto de Geologia e Paleontologia de Nanjing, da Academia de Ciências da China e da Universidade Tecnológica da Virgínia nos Estados Unidos.