[Artigo] - Mudando a narrativa para o empoderamento de jovens mulheres no mercado de cibersegurança

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 26/04/2018 às 12:14
Foto: shutterstock
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Por Elisa Ball*

Em 26 de abril, quando celebramos o Dia Internacional das Jovens no Mercado de Informação e Comunicação Tecnológica (Girls in ICT Day), destacamos a necessidade de atentar as jovens mulheres a considerar este crescente mercado. O empoderamento das mulheres e o tão esperado plano de igualdade é prioridade para muitos, mas pouco se discute sobre a importância de promover maior presença feminina no mercado de cibersegurança.

Com a crescente adoção da transformação digital e um número cada vez maior de ciberameaças nas organizações, a necessidade de mais especialistas qualificados em cibersegurança está aumentando rapidamente e representa uma oportunidade profissional única, bem como uma chance para jovens mulheres e empresas de tecnologia colherem os muitos benefícios de uma maior presença feminina neste setor.

A Fortinet recentemente se uniu à IDC para estudar a cibersegurança nas empresas da América Latina. A publicação LATAM Cybersecurity Interactive Whitepaper (Estudo interativo sobre a cibersegurança na América Latina, em tradução livre) mostra que quase 25% das empresas da América Latina estariam dispostas a contratar profissionais de cibersegurança. A questão é que três entre quatro empresas também têm dificuldade em encontrar os talentos de cibersegurança necessários, deixando uma lacuna a ser preenchida.

Há pouquíssimas mulheres atuando no segmento de cibersegurança, com apenas 11% de participação, segundo um estudo global da Frost & Sullivan. O relatório, que analisa os cargos ocupados por homens e mulheres no setor de cibersegurança de 170 países, também revela uma forte discrepância entre homens e mulheres que atuam no setor na América Latina, com apenas 2% de mulheres em cargos gerenciais, versus 28% dos homens, e 0% de mulheres em posições de diretoria, versus 7% dos homens.

A falta de capacitações contribui muito para essa diferença entre os gêneros, pois apenas 42% das mulheres possuem formação em informática e ciência da informação, versus 48% dos homens. A diferença entre os gêneros é ainda maior na engenharia, onde apenas 14% das mulheres possuem graduação nesta área, em comparação a 22% dos homens.

Em tempos de guerras online, em que tudo pode parar facilmente por causa de uma invasão de rede e a segurança de uma nação pode ser prejudicada por um ciberataque, a necessidade urgente de capacitações e diversidade no setor de cibersegurança cresce no mesmo ritmo que as demandas por segurança. Porém, a formação adequada e o incentivo à diversidade não são necessários somente para obter uma força de trabalho de cibersegurança mais diversificada e preparada, como também para produzir inovações e aumentar a produtividade dos negócios.

Vários estudos mostram que a diversidade de gênero no local de trabalho pode trazer muitos benefícios. Uma pesquisa do National Center for Women and Information Technology - NCWIT (Centro Nacional para Mulheres e Tecnologia da Informação) mostra que as empresas com equilíbrio de gêneros podem apresentar melhores desempenhos financeiros e dos funcionários, além de crescimento e produtividade, entre outros.

Um estudo da McKinsey, que analisou os resultados financeiros em relação à participação dos gêneros em empresas de tecnologia dos seguintes países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru, revelou que as organizações com uma ou mais mulheres em seus comitês executivos apresentaram um desempenho melhor do que aquelas com equipes somente compostas por homens, com aumento de 44% no retorno sobre o patrimônio líquido e de 47% na margem EBIT.

Com a cibersegurança atuando como um elemento fundamental da proteção de dados, clientes e reputação de uma empresa, a crescente necessidade de ter profissionais bem treinados para reduzir o cenário de ameaças em constante evolução nunca exigiu tanto a nossa atenção como agora. Em uma região onde mais de 12 milhões de mulheres estavam sem emprego em 2017, o setor de cibersegurança representa uma oportunidade de trabalho para as futuras gerações de profissionais do sexo feminino da América Latina.

Como o principal fornecedor de soluções de cibersegurança da região da América Latina e Caribe, estamos empenhados em ajudar a eliminar essa lacuna entre os gêneros e a falta de talentos. Por esse motivo, criamos a Fortinet Network Security Academy (FNSA) há quatro anos, com o objetivo de desenvolver e formar especialistas em cibersegurança para ajudar a reduzir a falta de capacidades globais. O programa da FNSA é gratuito para as universidades e os alunos e está disponível em todo o mundo, inclusive nos países da América Latina e Caribe.

Mudar a narrativa da falta de presença feminina no setor para uma abordagem proativa de capacitação das mulheres, mudando a mentalidade cultural e construindo um ambiente de mão-de-obra próspera para jovens profissionais é essencial no avanço do setor de cibersegurança e sua diversidade de gêneros.

Elisa Ball é Diretora de Recursos Humanos da Fortinet para a América Latina e Caribe