SpaceX lança novo caça-planetas da Nasa em busca de vida extraterrestre

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 19/04/2018 às 7:27
NASA TV / AFP
NASA TV / AFP FOTO: NASA TV / AFP

A Nasa lançou na quarta-feira (18) um satélite caçador de planetas de 337 milhões de dólares para escanear o espaço em busca de sinais de planetas similares à Terra, capazes de abrigar vida além do nosso sistema solar.

"Três, dois um, decolagem!", disse um comentarista da agência espacial americana às 18H51 locais (19H51 de Brasília), enviando ao espaço o Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS) a bordo de um foguete SpaceX Falcon 9, lançado de Cabo Cavañeral, Flórida.

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A nave, do tamanho de uma máquina de lavar, foi projetada para buscar sinais de atenuação periódica da luz nas estrelas mais próximas e mais brilhantes. Estes sinais, conhecidos como "trânsitos", podem significar a existência de planetas em órbita ao redor delas. Espera-se que TESS revele 20 mil exoplanetas, entre os quais poderia haver 50 planetas do tamanho da Terra e até 500 planetas com menos que o dobro do tamanho da Terra, informou a Nasa.

Suas descobertas serão estudadas em profundidade pelos telescópios terrestres e espaciais em busca de sinais de habitabilidade, como terrenos rochosos, tamanhos similares aos da Terra e uma distância do sol que permita uma temperatura compatível com a água em estado líquido.

"As histórias destes planetas continuarão seu curso após a sua detecção", destacou nesta quarta-feira Martin Still, cientista do programa TESS, que vai explorar muito mais espaço cósmico que seu antecessor, o Telescópio Espacial Kepler, lançado em 2009.

- Visão multiplicada no espaço -

"Foi incrível. Foi tão emocionante", contou Natalia Guerrero, pesquisadora do programa TESS no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em entrevista à Nasa TV após o lançamento.

Guerrero faz parte da equipe que fabricou as câmeras que servem de olhos para o satélite. "As quatro câmeras do TESS são pequenas, mas potentes", informou.

"As lentes medem apenas 10 centímetros (...) mas são muito potentes. Uma constelação inteira, como a Orion, poderia caber no campo visual destas câmeras", explicou a cientista.

Embora tanto TESS quanto Kepler usem o mesmo sistema de detecção de trânsitos de planetas ou de sombras projetadas por estes quando passam diante de sua estrela, o TESS vigiará mais terreno cósmico do que seu antecessor.

TESS (Kim SHIFLETT / NASA / AFP)

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O novo satélite se concentrará nos exoplanetas mais próximos, distantes de 30 a 300 anos-luz. "Uma das coisas mais incríveis que Kepler nos contou é que há planetas em todas as partes e que existem todo tipo de planetas aí fora", disse Patricia "Padi" Boyd, diretora do programa de pesquisadores visitantes no Centro Goddard Spaceflight da Nasa.

"TESS é, assim, o passo seguinte. Se há planetas em todas as partes, é hora de encontrar os que estão mais perto da Terra, orbitando estrelas brilhantes mais próximas, porque estes serão os sistemas de referência".

O telescópio espacial Hubble e seu sucessor, o telescópio espacial James Webb, com lançamento previsto para 2020, devem ser capazes de obter mais informações sobre a massa dos planetas, sua densidade e composição da atmosfera, chaves para determinar sua habitabilidade.

O primeiro lançamento do TESS foi cancelado na segunda-feira para checagem dos sistemas de navegação do foguete Falcon 9, que o leva a bordo, e nesta quarta-feira foi lançado sem problemas.