'Pinta artificial' pode alertar sobre surgimento de câncer, diz estudo

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 19/04/2018 às 16:15
Science Translational Medicine/Divulgação
Science Translational Medicine/Divulgação FOTO: Science Translational Medicine/Divulgação

Cientistas suíços desenvolveram um implante experimental de pele que escurece como uma pinta quando detecta mudanças sutis no corpo que podem ser um sinal precoce de câncer, segundo um estudo divulgado revista científica Science Translational Medicine.

O implante, ou "tatuagem biomédica", como é chamado pelos pesquisadores, foi testado em animais de laboratório, dura cerca de um ano e reconhece os quatro tipos mais comuns de câncer: próstata, pulmão, cólon e mama. Ele age reagindo ao nível de cálcio no sangue, que aumenta quando um tumor está se desenvolvendo. Cerca de 40% dos cânceres poderiam, teoricamente, ser detectados dessa maneira, disseram os pesquisadores.

"A tatuagem biomédica detecta todos os cânceres hipercalcêmicos em um estágio muito precoce e assintomático", disse à AFP por e-mail o autor principal, Martin Fussenegger, do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique. "Se os níveis de cálcio no sangue permanecerem altos durante períodos longos de tempo, o sensor de cálcio nas células da tatuagem biomédica produz uma enzima, a tirosinase, que converte o aminoácido no pigmento escuro da pele, a melanina".

Se o usuário notar que o ponto escureceu, ele deve procurar um médico para esclarecer o motivo da mudança e determinar se ou qual tratamento é necessário, afirmou. "A detecção precoce aumenta significativamente a chance de sobrevivência", acrescentou.

"Hoje em dia, as pessoas geralmente vão ao médico apenas quando o tumor começa a causar problemas. Infelizmente, a essa altura, muitas vezes é tarde demais".

O implante foi testado em camundongos com tumores cancerígenos que causam hipercalcemia ou tumores que não afetam os níveis de cálcio no sangue. Durante um experimento de 38 dias, as tatuagens apareceram apenas na pele dos camundongos hipercalcêmicos, que não mostraram sintomas de doença.

Mais pesquisas e financiamento são necessários para levar a tatuagem a testes clínicos em pessoas, e esse processo poderia demorar uma década, disse Fussenegger.