Dinossauros à venda em Paris

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 15/04/2018 às 10:12
Dois esqueletos do período Jurássico (161-145 milhões de anos atrás) de um Diplodoco e de um Alossauro foram à leilão, na casa Drouot, em Paris (AFP PHOTO / STEPHANE DE SAKUTIN)
Dois esqueletos do período Jurássico (161-145 milhões de anos atrás) de um Diplodoco e de um Alossauro foram à leilão, na casa Drouot, em Paris (AFP PHOTO / STEPHANE DE SAKUTIN) FOTO: Dois esqueletos do período Jurássico (161-145 milhões de anos atrás) de um Diplodoco e de um Alossauro foram à leilão, na casa Drouot, em Paris (AFP PHOTO / STEPHANE DE SAKUTIN)

Os esqueletos de um alossauro e de um diplodoco foram vendidos por mais de 1,4 milhão de euros cada um na última quarta-feira (11) em Paris, como objetos de decoração de última moda para compradores com os bolsos cheios e salas de estar grandes o suficiente.

O diplodoco foi vendido por 1.443.820 euros (1.781.180 dólares) e o allossaurus por 1.407.700 euros (1.736.620 dólares). "O mercado dos fósseis já não é reservado exclusivamente aos cientistas: os dinossauros se tornaram tendência, objetos de decoração, como os quadros", explica à AFP Iacopo Briano, especialista da casa de leilões Binoche et Giquello, responsável pela venda.

Entre seus famosos colecionadores se destacam os atores de Hollywood Leonardo DiCaprio e Nicolas Cage, segundo Briano. Cage chegou a ter de devolver um crânio de Tarbossauro, que havia sido extraído ilegalmente da Mongólia.

"Nos últimos dois ou três anos, os chineses se tornaram mais interessados pela paleontologia, e têm procurado grandes espécimes de dinossauros encontrados em seu solo, para seus museus ou mesmo particulares", disse Briano.

Os novos compradores estão agora fazendo lances contra corporações multinacionais, além de europeus e americanos ricos, os compradores "tradicionais" de esqueletos de dinossauros, acrescentou Briano.

Em 1997, McDonald's e Walt Disney estavam entre os doadores que financiaram US$ 8,36 milhões para comprar Sue - o Tiranossauro Rex mais completo e bem conservado do mundo - para o Field Museum of Natural History, em Chicago.

- "As pessoas gostam de dentes" -

"Milhões de pessoas vêm vê-lo, isso dá uma publicidade incrível para as empresas", explica Éric Mickeler, especialista em história natural da casa de leilões Aguttes.

Os especialistas expressam, no entanto, suas reservas: apesar de que muitos dos fósseis que são leiloados não contribuiriam muito com a ciência, sempre pode-se encontrar nos lotes peças importantes.

Mickeler afirma paralelamente que o mercado continua sendo "pequeno" e que "não se dirige a muita gente". Porque embora possuir um dinossauro seja sinônimo de originalidade - são leiloados, no máximo, cinco por ano no mundo -, esta paixão tem suas desvantagens: seu preço e o espaço requerido.

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O "pequeno" alossauro com "60 dentes afiados", que será oferecido na quarta-feira pela Binoche et Giquello, mede 3,8 metros de comprimento. "Um dinossauro adaptado à demanda parisiense, dado que só tem 1,50 metro de altura!", assegura Briano. Mas seu colega de leilão, o diplodoco, tem "12 metros, do nariz ao rabo".

Um terceiro dinossauro, um terópode que será leiloado pela casa Aguttes em 4 de junho, mede nove metros de comprimento por 2,60 de altura. O preço do alossauro é estimado em entre 550.000 e 650.000 euros, o do diplodoco entre 450.000 e 500.000 euros e o terópode entre 1,2 e 1,5 milhão de euros.

Carnívoros, como o alossauro, saem mais caro que seus congêneres herbívoros. "As pessoas querem dentes!", explica Mickeler. E também que haja uma história para contar e apresentem, por exemplo, marcas de combates ou de doenças incuráveis.

Também são consideradas outras características, como a raridade do espécime, a porcentagem de ossos verificados e a beleza de seu crânio. "São preços totalmente absurdos", denuncia Ronan Allain, paleontólogo do Museu de História Natural de Paris. "É o mundo do luxo, não é para nós", acrescenta.