Plataforma chinesa Weibo censura conteúdos sobre homossexualidade

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 14/04/2018 às 13:15
Foto: Pixabay
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O anúncio da rede social chinesa Weibo de que eliminará conteúdo "homossexual" da popular plataforma gerou uma onda de queixas na Internet, neste sábado (14), com a hashtag #EuSouGay.

A Weibo disse na sexta-feira em comunicado que havia começado uma "campanha de limpeza" para eliminar conteúdo "ilegal", incluindo "mangás e vídeos com implicações pornográficas, que promovam a violência, ou (relacionados com a) homossexualidade".

Esse é o mais recente exemplo da repressão do Partido Comunista, no poder, para retirar da Internet qualquer conteúdo que se afaste dos "valores centrais do socialismo". Além de verificar a Internet, as autoridades chinesas obrigam os sites a ter seus próprios censores.

Sob a liderança do presidente Xi Jinping, a censura se reforçou no país. A campanha anunciada pela Weibo, de três meses de duração, também aponta para "os vídeo-games violentos como 'Grand Theft Auto'", disse a Weibo em sua conta oficial.

A popular plataforma, similar ao Twitter e que conta com 400 milhões de usuários ativos por mês, indicou que estava aplicando a nova lei sobre cibersegurança na China e que na noite de sexta-feira já havia eliminado 56.240 elementos. Ao meio-dia de sábado, cerca de 170 mil usuários da Weibo haviam empregado a hashtag #EuSouGay para protestar contra o anúncio, antes de ser aparentemente proibido pela plataforma.

"Não pode existir homossexualidade no socialismo? É incrível que a China progrida econômica e militarmente, mas regresse ao período feudal em termos de ideias", disse um dos usuários. "Como se estreitou tanto a opinião pública nos últimos dois anos?", se questionou outro.

A China descriminalizou a homossexualidade em 1997, mas as atitudes conservadoras continuam sendo generalizadas. Muitas mensagens de protesto foram apagadas.