Ossos encontrados no Pacífico são provavelmente da aviadora Amelia Earhart

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 09/03/2018 às 9:11
Amelia Earhart no cockpit do seu Lockheed 10 Electra (AFP PHOTO / HANDOUT / ALBERT BRESNIK)
Amelia Earhart no cockpit do seu Lockheed 10 Electra (AFP PHOTO / HANDOUT / ALBERT BRESNIK) FOTO: Amelia Earhart no cockpit do seu Lockheed 10 Electra (AFP PHOTO / HANDOUT / ALBERT BRESNIK)

Ossos encontrados em uma remota ilha do Pacífico Sul que inicialmente se acreditava que pertenciam a um homem podem na verdade ser os da famosa aviadora Amelia Earhart, que desapareceu na região em 1937, de acordo com um novo estudo.

Richard Jantz, professor emérito de antropologia da Universidade do Tennessee, usou análises modernas de medição óssea para determinar se os ossos eram provavelmente os de Earhart, que desapareceu durante um voo pioneiro de volta ao mundo com o navegador Fred Noonan.

O desaparecimento de Earhart é um dos maiores mistérios da aviação, tendo fascinado historiadores por décadas e dado origem a uma série de livros, filmes e teorias. A crença prevalecente é que Earhart, 39, e Noonan, 44, ficaram sem combustível e abandonaram seu avião Lockheed Electra no Oceano Pacífico, perto da remota Ilha Howland.

Uma das teorias mais populares é que Earhart e Noonan fizeram um pouso de emergência na deserta Ilha Gardner, agora conhecida como Nikumaroro, parte da República de Kiribati, onde ela sobreviveu brevemente como um náufrago. Uma expedição de 1940 para a ilha encontrou um crânio humano, ossos, parte da sola do sapato de uma mulher, uma caixa para um sextante e uma garrafa de Bénédictine.

Os ossos foram enviados para Fiji e examinados em 1941 por David W. Hoodless, professor de anatomia, que determinou que pertenciam a um homem robusto. Os ossos desde então estão perdidos.

Usando um programa de computador chamado Fordisc, que estima sexo, ascendência e estatura a partir de medidas esqueléticas, Jantz reexaminou sete medições ósseas feitas por Hoodless - quatro do crânio e três da tíbia, úmero e rádio.

Amelia Earhart do lado de fora do Lockheed 10 Electra (AFP PHOTO / HANDOUT / ALBERT BRESNIK)

- 'Argumento mais convincente' -

Comparando-as com as medidas dos comprimentos ósseos de Earhart com base em fotografias e análise de suas roupas, ele determinou que os ossos eram provavelmente os da aviadora. Os ossos têm mais semelhança com Earhart do que com 99% dos indivíduos em uma grande amostra de referência, de acordo com o estudo.

"Isso apoia fortemente a conclusão de que os ossos de Nikumaroro pertenciam a Amelia Earhart", disse Jantz. "Os ossos são consistentes com Earhart em todos os aspectos que conhecemos ou podemos inferir razoavelmente".  "Até que evidências definitivas sejam apresentadas de que os restos não são os de Amelia Earhart, o argumento mais convincente é que eles são dela", afirmou.

"A antropologia forense não era bem desenvolvida no início do século XX", escreveu Jantz sobre a análise anterior dos restos mortais. "Há muitos exemplos de avaliações erradas por antropólogos do período", disse.

"Podemos concordar que Hoodless pode ter trabalhado tão bem como a maioria dos analistas da época poderia ter feito, mas isso não significa que sua análise esteja correta", apontou Jantz. O estudo, realizado em colaboração com o Grupo Internacional de Recuperação de Aeronaves Históricas (TIGHAR), foi publicado nesta semana na revista Forensic Anthropology da Universidade da Flórida.

Earhart, que ganhou fama em 1932 como a primeira mulher a voar sozinha pelo Atlântico, decolou em 20 de maio de 1937 de Oakland, Califórnia, na esperança de se tornar a primeira mulher a dar a volta ao mundo voando. Ela e Noonan desapareceram em 2 de julho de 1937, depois de decolar de Lae, em Papua-Nova Guiné, em um voo desafiador de 4.000 quilômetros para reabastecer na Ilha Howland, um território americano entre a Austrália e o Havaí.