Equador continuará protegendo Assange apesar de revés judicial

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 07/02/2018 às 10:42
Julian Assange na embaixada do Equador em Londres (Foto: Leon NEAL / AFP)
Julian Assange na embaixada do Equador em Londres (Foto: Leon NEAL / AFP) FOTO: Julian Assange na embaixada do Equador em Londres (Foto: Leon NEAL / AFP)

O Equador continuará protegendo Julian Assange, asilado em sua embaixada em Londres desde 2012, após a decisão da Justiça britânica de manter a ordem de prisão contra ele, disse o presidente, Lenín Moreno.

"As decisões do tribunal sem dúvida afetam, mas não são determinantes em relação à nossa decisão. Nós continuaremos oferecendo proteção ao senhor Assange", indicou o presidente em um encontro com a imprensa estrangeira.

Moreno, no poder desde maio passado, disse que fez um "compromisso no primeiro dia de governo" de proteger Assange ao considerar que sua vida "corre perigo", embora considere este um "problema herdado".

Na terça-feira, a juíza britânica Emma Arbuthnot se negou a retirar a ordem de prisão contra Assange por ter violado os termos de sua liberdade condicional quando se refugiou na embaixada equatoriana em Londres há quase seis anos. Arbuthnot também decidirá em 13 de fevereiro se é de interesse público manter a ordem de detenção contra o fundador do WikiLeaks a pedido de seus advogados e da Suécia, que já não considera Assange suspeito de crimes sexuais.

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A Justiça sueca abandonou a investigação que requeria sua prisçai, mas a Polícia britânica ainda quer detê-lo por ter violado os termos de sua liberdade condicional. Assange teme deixar a embaixada do Equador, ser detido e acabar extraditado para os Estados Unidos por ter divulgado milhares de segredos oficiais deste país.

Mais cedo, a chancelaria equatoriana ratificou em um comunicado que "manterá a proteção internacional para o cidadão Julian Assange enquanto persistir o perigo para sua vida". Ao mesmo tempo, acrescentou, persistirá em seu propósito de encontrar junto ao Reino Unido uma "solução satisfatória para os dois países e respeitosa dos direitos humanos".

Moreno disse há duas semanas que "conversou com a senhora embaixadora da Grã-Bretanha" em Quito e que ela se comprometeu com uma solução conjunta "para que o senhor Julian Assange proteja sua vida e, ao mesmo tempo, possa ser sancionado pelo erro que cometeu".

Após ter concedido a ele sua naturalização em dezembro, Quito solicitou a Londres que reconhecesse Assange como agente diplomático, o que lhe daria imunidade para sair da embaixada sem ser preso, mas o Reino Unido negou o pedido.