Equador e Reino Unido buscam acordo que proteja vida de Assange, diz Moreno

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 25/01/2018 às 9:31
Julian Assange, fundador do Wikileaks, fala por videoconferência em Berlim. AFP / STEFFI LOOS
Julian Assange, fundador do Wikileaks, fala por videoconferência em Berlim. AFP / STEFFI LOOS FOTO: Julian Assange, fundador do Wikileaks, fala por videoconferência em Berlim. AFP / STEFFI LOOS

Quito e Londres buscam um acordo no caso de Julian Assange que garanta sua vida, diante de possíveis represálias dos Estados Unidos por ele ter divulgado informação sigilosa, disse o presidente equatoriano Lenín Moreno.

"Conversei com a senhora embaixadora da Grã-Bretanha (em Quito) e ela concorda comigo: encontremos uma solução juntos para que o senhor Julian Assange proteja sua vida e, ao mesmo tempo, possa ser punido pelo erro que cometeu", expressou o presidente em entrevista coletiva.

Assange está asilado desde 2012 na embaixada do Equador em Londres para evitar ser extraditado à Suécia por supostos delitos sexuais que ele nega. A procuradoria sueca arquivou a investigação, mas Assange, que recebeu nacionalidade equatoriana no mês de dezembro, teme ser preso caso deixe a sede diplomática para ser extraditado para os Estados Unidos e julgado pela publicação no WikiLeaks de informação sigilosa em 2010.

Moreno admitiu que "não seria nada difícil" que Washington obtenha sua extradição. Nos Estados Unidos "o ato de Julian Assange é considerado traição à pátria, e (...) você sabe come se castiga isso", acrescentou o presidente, referindo-se à pena de morte.

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Moreno lembrou que no Equador não existe pena de morte, e por isso Assange é mantido na embaixada e acrescentou que a presença do fundador do WikiLeaks na missão diplomática é "sem dúvida alguma uma pedra no sapato" que herdou do governo de seu ex-aliado Rafael Correa.

Londres nega o salvo-conduto pedido pelo governo equatoriano para que Assange saia da embaixada para o Equador sem ser preso. Avaliações médicas divulgadas nesta quarta-feira apontaram que a reclusão de Assange é perigosa para sua saúde física e mental.

Depois de ser examinado durante 20 horas em três dias em outubro, dois médicos realizaram uma "avaliação física e psicológica exaustiva" de Assange, informou o jornal britânico The Guardian. "Embora os resultados da avaliação estejam protegidos pela confidencialidade médico-paciente, nossa opinião profissional é de que seu confinamento contínuo é perigoso física e mentalmente para ele", escreveram os médicos no jornal.

Os médicos também ressaltaram que as condições em que Assange se encontra representam "uma clara violação de seu direito humano à atenção médica".