Tecnologia, uma nova religião surge na feira de eletrônica de Las Vegas

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 10/01/2018 às 9:27
Alex Wong/Getty Images/AFP
Alex Wong/Getty Images/AFP FOTO: Alex Wong/Getty Images/AFP

A tecnologia é a nova religião, oferecendo esperança de salvação em um mundo problemático à medida que os líderes da indústria se reúnem em Las Vegas esta semana na feira CES, a maior do mundo sobre eletrônica.

Além de melhorar nossa comunicação e nos fornecer telas cada vez mais ousadas e brilhantes, a tecnologia é promissora para acabar com o congestionamento urbano, tratar o câncer e a depressão, e nos ajudar a viver uma vida mais saudável e produtiva.

À medida que os agentes da indústria de tecnologia convergem na feira Consumer Electronics Show (CES) de 2018, um tema primordial é que dispositivos, inteligência artificial, computação em nuvem e conexões de Internet super-rápidas contenham respostas para muitos, se não todos os males - assemelhando-os a uma "nova religião".

Uma das maiores feiras comerciais do mundo, a CES espera 170 mil pessoas e 40 mil expositores de dezenas de países, apresentando produtos em robótica, saúde digital, inteligência artificial, esportes e muito mais. Os participantes da CES estão escutando que os novos carros exibidos no evento ajudarão o meio ambiente e reduzirão o congestionamento, tornando o transporte "mais inteligente", com autonomia e aprendizado de máquina.

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As pessoas são convocadas a imaginar um mundo sem dificuldades para encontrar estacionamentos ou postos de gasolina, onde é possível chamar carros autônomos para se transportar a qualquer hora do dia. Dentro dos carros, os passageiros encontrariam uma gama de ofertas on-line para combater o tédio durante os engarrafamentos, que também se tornariam mais suaves uma vez que os veículos "conversariam" uns com os outros para otimizar a eficiência da viagem.

Um novo carro "intuitivo e inteligente" da startup chinesa Byton pretende eliminar as bilhões de horas perdidas em engarrafamentos em todo o mundo a cada ano. Esse tempo perdido "poderia ser usado ?para coisas muito mais gratificantes", disse Henrik Wenders, vice-presidente da Byton, em uma coletiva de imprensa no evento.

- Médicos digitais -

Robin Raskin, que dirige o segmento da CES chamado Vivendo em Tempos Digitais, disse que os avanços em saúde e remédios nos últimos anos têm sido surpreendentes. "Existem novas tecnologias para avaliar o câncer e descobrir como um determinado medicamento pode responder", afirmou.

Startups e grandes empresas estão usando novos aplicativos e tecnologias para combater diabetes e depressão. No domingo, a startup RightEye revelou uma tecnologia de rastreamento ocular para ajudar a avaliar o autismo, concussões, mal de Parkinson e outras doenças.

O cofundador e executivo-chefe da RightEye, Adam Gross, anunciou a tecnologia como "um divisor de águas" para as indústrias de cuidados de saúde e esportes devido a sua capacidade sem precedentes de gerar com rapidez e precisão "percepções surpreendentes" sobre saúde, visão e desempenho.

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Em colaboração com médicos ou treinadores, essas informações poderiam ser usadas para orientar terapias e rotinas de exercícios. "O potencial dessa tecnologia para mudar a vida das pessoas ao redor do mundo é incrível e realmente emocionante", disse Gross.

A tecnologia automatizará e aumentará o tratamento de doenças nos próximos anos, anunciou a gerente de pesquisa da Associação de Tecnologia do Consumidor, Lesley Rohrbaugh.

"Você pode conversar com um provedor de cuidados de saúde por meio de um aplicativo e obter monitoramento remoto", disse Rohrbaugh ao discutir as tendências da indústria eletrônica de consumo na CES. "Você pode visitar seu médico sem realmente visitá-lo fisicamente".

A realidade virtual também está sendo incorporada na terapia, sendo usada para tratar traumas, fobias e até mesmo demência causada pelo envelhecimento, de acordo com Rohrbaugh.

- Cidades inteligentes -

E como a maior parte da população mundial vive em áreas urbanas, a tecnologia está potencializando "cidades inteligentes" onde sensores, câmeras e computação em nuvem trabalham mais como "elfos domésticos", que reciclam e eliminam o lixo, tráfego, poluição, fazem reparos rodoviários, entre outros. "As cidades inteligentes existem onde a sociedade e a tecnologia andam juntas", afirmou Rohrbaugh.

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As cidades inteligentes dos Estados Unidos se concentram no tráfego, enquanto na Europa o foco tende a ser no meio ambiente e uso de energia, de acordo com o gerente de pesquisa. Dentro das casas os dispositivos podem garantir que a água e o ar estejam limpos, e que estejamos dormindo bem.

A tecnologia também está sendo transformada para nos manter seguros à medida que a usamos. A biometria, identificada por impressão digital, íris, ou reconhecimento facial, está sendo incorporada em smartphones, computadores e cadeados como forma de segurança.

Enquanto isso, robôs são projetados para cuidar dos oceanos contra os pescadores ilegais e para olhar por nós, especialmente à medida que vamos ficando mais velhos.