Apple é processada por desacelerar intencionalmente os antigos modelos de iPhone

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 22/12/2017 às 16:22
(Foto: AFP/ Josh Edelson)
(Foto: AFP/ Josh Edelson) FOTO: (Foto: AFP/ Josh Edelson)

com informações da Agence France-Presse

Duas ações de reparação coletiva foram expedidas na Califórnia e em Illinois contra a Apple, em decorrência das declarações da empresa que vem - sem o consentimento do usuário - reduzindo a capacidade dos iPhones mais antigos nas últimas atualizações do iOS.

De acordo com o Gizmodo, o processo de Illinois afirma que a falha da Apple em informar os consumidores sobre a extensão total das atualizações de software (que vão além de reparar defeitos de desligamento automático) viola o Código do Consumidor do estado e corresponde a prática empresarial enganosa.

O segundo processo, em Los Angeles, afirma que "a decisão da Apple de diminuir a operação de telefones antigos para economizar a bateria nunca foi solicitada ou acordada". O processo foi aberto por donos de iPhones que acreditam que a tática da Apple é uma estratagema para convencer as pessoas a comprar novos aparelhos.

Obsolescência programada

A Apple admitiu na última quinta-feira que retarda intencionalmente o desempenho dos modelos mais antigos de iPhone para proteger os aparelhos, uma confissão que alimenta o debate sobre a obsolescência programada dos dispositivos eletrônicos.

Após as recentes queixas de vários usuários, que afirmam que seu iPhone fica cada vez mais lento, e alguns testes realizados pela imprensa especializada, a empresa admitiu que desacelerava voluntariamente as capacidades do telefone a fim de "prolongar sua vida".

"As baterias de íon de lítio são cada vez menos capazes de responder aos picos de atividade (quando o usuário usa muito seu telefone, por exemplo), ao frio, quando a bateria está fraca ou porque envelhece, o que pode implicar a extinção imprevista do aparelho, destinado a proteger seus componentes eletrônicos", em particular o microprocessador, explica a empresa americana que a cada ano lança um novo modelo de iPhone, seu carro-chefe.

Este tipo de bateria equipa a maioria dos aparelhos eletrônicos do mercado, não apenas o iPhone. "No ano passado, lançamos uma funcionalidade para o iPhone 6, o iPhone 6S e o iPhone SE destinada a suavizar esses picos (...) só quando é necessário, de forma que se possa evitar que (o telefone) desligue repentinamente", indica a companhia em um e-mail enviado à AFP nesta quinta-feira.

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Esta funcionalidade, que se traduz na lentidão do smartphone em alguns momentos, se estendeu também ao iPhone 7 e funciona na última versão do sistema operativo iOS 11.2, acrescenta o grupo. Uma solução possível para o usuário é trocar a bateria. A Apple faz isso gratuitamente se o aparelho está no período de garantia, mas cobra 79 dólares após esse período, segundo seu site.

A Apple confirma assim os rumores sobre possíveis desacelerações voluntárias dos iPhone, recorrentes há anos na imprensa especializada e em vários sites dedicados à empresa. Muitos usuários acreditam que o objetivo desta característica é impulsar os consumidores a comprarem o último modelo, uma prática conhecida como obsolescência programada.