[Review] - Assassin's Creed: Origins

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 01/12/2017 às 13:40
Assassin's Creed: Origins / Ubisoft
Assassin's Creed: Origins / Ubisoft FOTO: Assassin's Creed: Origins / Ubisoft

Fazer um review de um Assassin's Creed, para mim, é uma coisa delicada que eu tenho que tomar muito cuidado. Porque eu ADORO Assassin's Creed. Todos os jogos. Até quando estavam lançando dois por ano - e eles não estavam saindo com tanto esmero assim. Acho a franquia incrível e jogo desde o primeiro, lá em 2008 (joguei primeiro no PC, depois no Xbox 360).

E cito o primeiro jogo da franquia não à toa, já que tive uma sensação parecida com a primeira vez que joguei agora, durante o gameplay de Assassin's Creed: Origins, o primeiro depois de um hiato de dois anos. E dá pra dizer que foi uma pausa muito necessária, que trouxe um novo "frescor" ao jogo, uma cara de novidade que não tínhamos talvez desde a primeira vez que sentimos a brisa do mar nos nossos rostos, em Black Flag (2013).

Além disso, o cenário do Egito Antigo (sou faraó, ninguém me dete) já era por um lado bastante pedido pela comunidade, e por outro citado dentro da própria mitologia da série. O que ganhamos foi a oportunidade de testemunhar em primeira mão o nascimento da Ordem dos Assassinos, no Egito do final da Era Ptolomaica (50 a.C. ~ 48 a.C.). Ou seja, prepare-se para cruzar com figuras famosas dos livros de História, como Ptolemeu,  Pompeu, Júlio César e a última rainha do Egito, Cleópatra.

Assassin's Creed: Origins não só sente novo, como trouxe mudanças à franquia. Por exemplo: o sistema de combate, que agora se vale menos de movimentos pré-animados e aposta no sistema conhecido como "hit-box", no qual o jogador atinge os inimigos de forma direta, levando em consideração o alcance e o dano de cada arma. Isso faz com que os diferentes tipos de armamentos se encaixem nas diversas estratégias de combate que o jogador possa vir a usar. Bem mais prático e flexível, além de estimular o usuário a realmente buscar novos armamentos e itens (eu muitos dos games anteriores, eu por exemplo passei 80% do tempo só usando a hidden blade...).

Assassin's Creed: Origins / Ubisoft

Outra novidade é a árvore de habilidades e a forma com que os pontos de experiência ganhos com as missões são gastos. Como em vários outros jogos (a série Batman Arkham, por exemplo), você deve gastar seus pontos "comprando" várias habilidades - que desbloqueiam outras habilidades a ser compradas. Não foi só isso que Assassin's Creed trouxe de inspiração em outros games, já que Origins conta também com batalhas estilo "arena", com waves de adversários cada vez mais fortes, nas batalhas contra os chefões (outra coisa que também tem em Batman Arkham).

De resto, tudo é muito semelhante aos outros jogos de Assassin's Creed, sendo mais bonito (o time de art design fez um trabalho incrível realmente) e sem a presença de um elemento essencial nos outros jogos, que é a própria Ordem dos Assassinos. Como é uma história de origem, no jogo vemos o nascimento do confronto do que viria a se tornar posteriormente os Assassinos contra os Templários. Sem surpresa, os adversários já começam bem organizados quando primeiro "Assassino" entra na história - por vingança.

Bayek é um medjai, parte de uma força paramilitar que protege os interesses do faraó e da população do Egito. Ele acaba sendo sequestrado junto com seu filho, Khemu, por um grupo de mascarados, que querem abrir um compartimento secreto no Templo de Amon. Bayek e Khemu conseguem fugir, mas na luta o medjay acaba acertando seu filho acidentalmente, que morre. Um ano depois, de volta do exílio, Bayek e Aya, sua esposa, querem vingar a morte do filho - ao mesmo tempo que o reino está em guerra civil entre o faraó Ptolemeu e sua irmã Cleópatra, e sob grande influência do Império Romano.

Assassin's Creed: Origins / Ubisoft

Como marca da série, além da ambientação histórica Origins conta com uma trama no futuro/presente.  Layla Hassan trabalha para a Abstergo e encontrou as múmias de Bayek e Aya. Ela então inicia suas pesquisas no DNA dos primeiros Assassinos da história, como uam forma de conseguir mais prestígio no Projeto Animus. Mas como de costume, não dá pra confiar muito nesse pessoal da Abstergo.

O mapa do jogo é gigantesco, e conta com diversas regiões do Egito - desde o delta do Nilo (Alexandria é a maior cidade), descendo pelo rio, e também o deserto do Saara. Está tudo lá, desde pirâmides incríveis (inclusive com a faixada de pedra conservada, não como as conhecemos hoje), templos magníficos e até o famoso farol. A reconstrução do cenário é uma aula de história em si, com as cidades do baixo Egito mantendo a configuração do antigo império, enquanto Alexandria apresenta uma arquitetura muito mais helenística.

Apesar do cenário bem mais aberto, que lembra mais Assassin's Creed III do que os ambientes mais urbanos dos jogos imediatamente anteriores, Origins ainda privilegia bastante o jogo stealth (adoro!). Um aliado instrumental na hora de chegar nos acampamentos e fortalezas inimigas sem ser visto é sua água Senu, que faz as vezes de uma espécie de drone da antiguidade, marcado os inimigos e objetivos no mapa. Senu não é o único animal que pode ser recrutado, e a fauna do jogo ainda inclui leões, hipopótamos, crocodilos, abutres, cachorros, gatos, escorpiões, peixes e tudo mais que andava ou rastejava pela região na época.

Assassin's Creed: Origins / Ubisoft

O game está totalmente dublado e legendado em português, mantendo o bom trabalho que a Ubisoft bem fazendo na localização dos seus jogos para o mercado brasileiro. Outro trabalho excepcional da empresa é na pesquisa histórica, tanto que Origins conta com um novo modo de jogo, “Discovery Tour, by Assassin’s Creed: Ancient Egypt” que permite aos jogadores explorarem o Antigo Egito e aprenderem sobre sua história por meio de uma visita guiada e sem combates.

A espera valeu a pena e a Ubisoft aprendeu a lição. Assassin's Creed: Origins é um dos melhores jogos da série (quem sabe o melhor, veremos) e consegue levar a franquia para novos caminhos em termos de jogabilidade, ao mesmo tempo que se mantém fiel ao clima e ao enredo geral da saga. Para quem já é fã, é um jogo obrigatório de se ter. Para quem curte um bom sandbox, é um dos melhores exemplos disponíveis no mercado.