Imagino a reunião do pessoal do South Park Digital Studios com a galera da Ubisoft, pouco depois do lançamento do jogo South Park: The Stick of Truth: "senhoras e senhores, nosso game foi um sucesso de público e de crítica. Agora, temos que planejar sua continuação para as plataformas da próxima geração. E o mais importante: a quem podemos ofender dessa vez?".
South Park: A Fenda que Abunda Força é a sequência perfeita. Pega todos os elementos que deram certo no seu antecessor e os amplia. A jogabilidade é melhor, o cenário é diferente mas igualmente envolvente (e interessante), o acabamento gráfico e de animação é superior e o jogo consegue ser ainda mais engraçado.
O enredo do segundo jogo começa bem onde termina o primeiro. Os garotos estão ainda brincando de RPG medieval, com uma mega batalha entre mocinhos e vilões (os "mouros") e o personagem principal, o novato na rua conhecido como "Babaca", é o rei, sentado em seu trono - no caso, uma bacia sanitária. Sim, seu primeiro desafio é... cagar.
Não dá para importar o seu personagem do jogo anterior, uma vez que o sistema de construção de personagem é diferente no novo game. Além das classes não serem as mesmas (não temos mais a classe "judeu"), temos um novo fator que influencia na jogabilidade. Mostrando que a especialidade de South Park é jogar na cara os defeitos da nossa sociedade, o nível de dificuldade do jogo é escolhido pela cor da pele: quanto mais escura, mais difícil. "Isso não vai influenciar nas batalhas, só em todos os outros aspectos da sua vida", alerta Cartman. E num movimento inédito nos games, você ainda pode escolher se é menino, menina, cis ou transgênero. Só para ser atacado por sua escolha logo em seguida (seja qual for).
Falando nele, é justamente Eric que acaba com a brincadeira toda (para variar) e começa a nova. Com o sumiço do seu gato, o grupo de super-heróis Guaxinim & Amigos devem se reunir e acabar com o caos que cai sobre South Park à noite. Porém, para Pipa Humana, Passo-Rápido, o Mosquito, Super Craig e os outros super-heróis, não basta ter força e coragem - é preciso também ter a melhor e mais popular franquia de personagens. Por isso, ser popular nas redes sociais (o Guaxingram) é tão importante quanto combater o crime.
A partir daí, você embarca 100% no que pode ser um dos episódios mais loucos da série animada, lembrando que Trey Parker e Matt Stone estão envolvidos em toda criação. Com direito a luta contra garçonetes do Hooters, padres pedófilos, caipiras, outros super grupos de heróis e vilões e os adversários mais temidos de todos, os sextanistas.
As batalhas receberam um upgrade, e agora acontecem em duas dimensões, num grid que se abre no chão a cada luta. Por causa disso, deve se levar em consideração o alcance dos golpes também, além do seu poder. A não ser quando um carro vai passar na rua (aí para tudo e todo mundo vai pra calçada, assim como acontece nas peladas de rua pelo Brasil).
Referências se espalham a cada pixel do jogo e acontecem o tempo todo - seja em relação à mitologia da própria série, seja a acontecimentos do mundo real. As piadas com referências são tantas que nas fases existem objetos escondidos que fazem referências às referências. É uma meta referência. É um "inception" das referências.
Se você curtiu Stick of Truth, ou se gosta de South Park de uma forma geral, A Fenda que Abunda Força é simplesmente imperdível. Enquanto game de RPG também é extremamente competente e bem balanceado, mas ainda assim fica mais divertido se você conhece os personagens, então não recomendaria para quem não faz ideia de quem são Stan, Kyle, Kenny e Cartman.
South Park: A Fenda que Abunda Força está disponível para Xbox One e PlayStation 4 por R$249,90, e digital para as mesmas plataformas por R$199, além de PC, por R$159,99. O jogo está totalmente localizado para o português, inclusive com as vozes dos dubladores originais da série no Brasil. Detalhe: quem comprar A Fenda que Abunda Força em versão física têm até 31 de janeiro de 2018 poderá baixar gratuitamente South Park: The Stick of Truth gratuitamente.
