Conheça os animais pioneiros da conquista espacial

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 03/11/2017 às 11:49
Felicette, a primeira gata a ir para o Espaço. AFP PHOTO
Felicette, a primeira gata a ir para o Espaço. AFP PHOTO FOTO: Felicette, a primeira gata a ir para o Espaço. AFP PHOTO

Três anos e meio antes do voo histórico de Yuri Gagarin no espaço, a cadela Laika tornou-se, em novembro de 1957, o primeiro ser vivo a alcançar a órbita terrestre, e um dos muitos animais que precederam o ser humano em sua conquista do espaço.

- Albert I, primeiro mamífero num foguete -

Em 1948, o macaco-rhesus Albert I foi o primeiro mamífero a orbitar a Terra em um foguete americano que voou a 63 km de altitude. Um ano antes, os Estados Unidos já haviam enviado drosophilas (moscas da fruta) a 100 km de altitude, num foguete V2.

- Laika, primeiro ser terráqueo no espaço -

Em 3 de novembro de 1957, Laika, uma pequena cadela sem raça definida parecida com um fox terrier, usando um uniforme cheio de sensores, deixou a Terra a bordo da cápsula soviética Sputnik-2 para uma viagem sem retorno.

De acordo com informações oficiais, o animal suportou 1.600 km de altitude, numa missão que deveria durar entre sete e dez dias. Mas na realidade, ela morreu após algumas horas devido a um mau funcionamento do sistema de regulação térmica. O seu túmulo celestial orbitou a Terra até o dia 14 de agosto de 1958, quando foi consumido na atmosfera.

A missão Sputnik-2 foi, portanto, um fracasso parcial, mas seus ensinamentos permitiram enviar outros animais em órbita, e especialmente recuperá-los vivos.

Foto tirada em 22 de fevereiro de 1961 mostra o foguete francês Véronique no qual viajou o rato Hector. AFP PHOTO

- Revoluções orbitais e retornos à Terra -

Em agosto de 1960, a URSS enviou uma verdadeira Arca de Noé - duas cadelas, um coelho, quarenta camundongos, dois ratos, moscas e plantas - realizando uma série de rotações ao redor da Terra. Este foi o primeiro voo orbital cujos passageiros voltaram com vida.

Uma das cadelas, Strelka, deu à luz seis meses após o pouso e um de seus filhotes foi oferecido à filha de John Fitzgerald Kennedy por Nikita Khrushchev.

Em janeiro de 1961, os Estados Unidos respondem enviando ao espaço o chimpanzé Ham, cujo voo definiu a trajetória seguida pelo primeiro americano no espaço, Alan Shepard, um mês após a missão histórica de Yuri Gagarin em 12 de abril de 1961. Os americanos colocaram apenas um animal em órbita completa, o chimpanzé Enos, em novembro de 1961. O objetivo era testar a cápsula em que John Glenn deveria ocupar no primeiro voo orbital americano, em fevereiro de 1962.

Além de russos e americanos, muitos países usaram animais como cobaias espaciais. Em outubro de 1963, a França foi o primeiro país a enviar um gato ao espaço, Félicette, para substituir Felix que fugiu no dia anterior à partida.

Em 2001, a China enviou uma nave espacial em órbita com vários animais a bordo. Desde então, Pequim juntou-se ao pequeno grupo de potências espaciais, enviando em 2003 por seus próprios meios os taikonautas ao espaço.

Quanto ao Irã, que anunciou que quer enviar um homem ao espaço, testou com sucesso em 2010 um foguete produzido localmente com vários animais vivos, incluindo um rato, tartarugas e vermes, e enviou em 2013, dois macacos ao espaço.

- Vácuo espacial e fecundação -

Tartarugas, aranhas, peixes, ratos, vermes... a lista de espécies enviadas para o cosmos é longa e essas missões levaram a muitas descobertas científicas.

Em setembro de 2007, tardigrades, animais microscópicos conhecidos por sua robustez, sobreviveram ao vácuo e à radiação do espaço. Ao retornar, a maioria desses invertebrados minúsculos não apresentava alteração biológica e até mesmo reproduzia normalmente, sugerindo um reparo do DNA danificado pelos raios ultravioletas.

Em 2014, cientistas japoneses realizaram fertilização in vitro com esperma de rato armazenado por nove meses na Estação Espacial Internacional (ISS). O nascimento de 73 ratos saudáveis mostra uma regeneração do DNA danificado após a fertilização, uma experiência que os pesquisadores dizem que poderia ter implicações importantes para as futuras colônias humanas no espaço.