Internet das coisas pode gerar US$ 200 bi em 2025

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 04/10/2017 às 9:47
Fotos: Studio F - FOTOS FUTURECOM 2017, São Paulo-SP
Fotos: Studio F - FOTOS FUTURECOM 2017, São Paulo-SP FOTO: Fotos: Studio F - FOTOS FUTURECOM 2017, São Paulo-SP

Bruno Capelas e Claudia Tozetto (Estadão Conteúdo)

As tecnologias da chamada internet das coisas - revolução que vai conectar todos os objetos à nossa volta - poderão gerar entre US$ 50 bilhões e US$ 200 bilhões por ano para o Brasil, em 2025. A estimativa, que está no estudo contratado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para embasar o Plano Nacional de Internet das Coisas, foi apresentada ontem na Futurecom, principal evento de telecomunicações da América Latina, realizado em São Paulo.

Feito por um consórcio formado pela consultoria McKinsey, o escritório Pereira Neto Macedo Advogados e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), o estudo teve custo de R$ 17,5 milhões e foi desenvolvido ao longo de dez meses. Ele definiu 76 ações, entre iniciativas de fomento à inovação e mudanças regulatórias, em quatro áreas prioritárias para o Brasil: saúde, cidades inteligentes, indústria e agronegócio.

A expectativa era de que o Plano Nacional de Internet das Coisas, que vai definir os objetivos do governo na área, também fosse anunciado ontem, mas isso não aconteceu. De acordo com Maximiliano Martinhão, secretário de Política de Informática do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o governo vai divulgar a versão final do plano, com metas e previsão de orçamento, até o final do ano, em forma de decreto.

Fotos: Studio F - FOTOS FUTURECOM 2017, São Paulo-SP

Em entrevista ao Estado, Martinhão disse que o Plano vai trazer metas que podem ser realizadas até o fim do governo Temer, e prever iniciativas para a gestão seguinte. Uma das prioridades, diz o secretário, será a criação de polos de inovação, formados com o apoio de institutos de pesquisa de referência na área, como o Centro de Estudos e Sistemas Avançado do Recife (Cesar), o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (CPqD) e o Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI), da Universidade de São Paulo. "Vamos colocar as ações prioritárias dentro do orçamento existente", diz Martinhão, "em áreas nas quais consideramos que há uma oportunidade única para o Brasil."

Segundo Carlos da Costa, diretor de planejamento do BNDES, o volume de aportes a ser feito pela instituição para viabilizar o plano ainda não foi definido, mas o banco possui os recursos necessários, mesmo no cenário de crise fiscal atual. Ontem, o banco anunciou um acordo de cooperação técnica com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para apoiar startups focadas em desenvolvimento de tecnologias de internet das coisas. "Queremos ser exportadores de soluções para o setor rural", afirmou Costa.

O estudo foi bem recebido pelos analistas presentes no evento. "A definição das áreas prioritárias está em linha com as possibilidades do Brasil", destacou Marcia Ogawa, da consultoria Deloitte no Brasil.

Para Mário Lemos, líder de internet das coisas da consultoria Accenture, agronegócio e indústria têm potencial para andar sozinhas, com aportes de empresas. "Cidades inteligentes, porém, vão depender de aportes governamentais", diz.