Sistema da Tesla parcialmente culpado por acidente fatal em 2016

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 12/09/2017 às 18:18
O Tesla Model S P100D. Foto: Ethan Miller/Getty Images/AFP
O Tesla Model S P100D. Foto: Ethan Miller/Getty Images/AFP FOTO: O Tesla Model S P100D. Foto: Ethan Miller/Getty Images/AFP

O sistema de piloto automático, "autopilot", usado nos automóveis da Tesla foi parcialmente culpado por um acidente fatal na Flórida, em maio de 2016, em que um carro elétrico bateu em um caminhão, segundo um relatório de segurança concluído nesta terça-feira.

O "excesso de confiança" do motorista no sistema da Tesla, projetado como uma forma de navegação semiautônoma, permitiu um "relaxamento prolongado" que levou à colisão com o caminhão, de acordo com o relatório do National Transportation Safety Board (NTSB). O sistema também permitiu ao motorista usar o sistema em uma estrada não destinada ao piloto automático, afirmaram funcionários da NTSB.

"A Tesla permitiu que o motorista usasse o sistema fora do ambiente para o qual foi projetado", declarou o presidente do NTSB, Robert Sumwalt. "E o sistema deu liberdade demais ao motorista, dispersando a sua atenção com outra coisa além de dirigir. O resultado foi uma colisão que, francamente, nunca deveria ter acontecido".

O relatório analisou fatores por trás do acidente, em que Joshua Brown, de 40 anos, morreu após não responder a sete avisos do sistema da Tesla para voltar ao modo ativo de direção. Desde o acidente, a Tesla atualizou o sistema de piloto automático para que desligue se o motorista não responder em três avisos.

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No entanto, a equipe do NTSB apontou outros defeitos no piloto automático que não foram abordados, como o fato de que Brown estava dirigindo em uma estrada inadequada para o seu uso. O sistema da Tesla, apesar de conseguir ler os limites de velocidade e outros fatores importantes, não desliga o piloto automático em tais estradas.

A equipe do NTSB não pôde explicar o motivo para a falta de atenção do motorista da Tesla, ou o fato do motorista do caminhão não ter freado. A Florida Highway Patrol encontrou vestígios de maconha no sangue do motorista do caminhão, mas o NTSB não determinou se a droga exerceu um papel importante no acidente.

Este relatório foi analisado detalhadamente já que a Tesla é uma das principais marcas em termos de direção automatizada. Após o relatório do NTSB, a Tesla afirmou em declaração que seu sistema de piloto automático "aumenta significativamente a segurança, como a NHTSA (National Highway Traffic Safety Administration) demonstrou que reduz as taxas de acidentes em 40%".

Acrescentou que "agradecemos a análise do NTSB sobre o trágico acidente do ano passado e avaliaremos suas recomendações à medida que continuemos a evoluir nossa tecnologia". Em janeiro, uma investigação do Departamento de Transportes dos Estados Unidos não encontrou nenhum "defeito" no sistema de piloto automático da Tesla.