Música dá o tom da ação no filme Em Ritmo de Fuga

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 27/07/2017 às 8:27
Baby Driver FOTO:

Embora esteja sendo lançado agora, Em Ritmo de Fuga (Baby Driver, 2017) é um projeto antigo do diretor britânico Edgar Wright.

“Tem mais de 20 anos. A ideia vem da época que estava produzindo meu primeiro longa (A Fistful of Fingers, 1995) e estava ouvindo Bellbottoms, do The Jon Spencer Blues Explosion e pensei como seria uma ótima música para uma cena de perseguição de carros. O filme nasceu em volta disso”, lembra Wright, que veio ao Brasil nesta semana para o lançamento do longa, ao lado do protagonista Ansel Elgort.

Bellbottoms, de fato, é a canção da cena de abertura de Em Ritmo de Fuga, uma perseguição alucinante pelas ruas da cidade de Atlanta (EUA) após um assalto a banco. Crime que, enquanto público, não testemunhamos, já que os primeiros minutos são centrados em Baby (Elgort), no assento do motorista, cantando e batucando ao som do trio de blues.

Ele será nossos olhos e, principalmente, ouvidos ao longo de toda narrativa – afinal, depois de Bellbottoms, segue-se uma playlist incrível de 28 músicas de todos os ritmos dos últimos 50 anos. De Beach Boys a Beck, passando por Queen, Blur, Barry White e muito mais.

“Conseguir os direitos para poder utilizar essas músicas foi o primeiro movimento da produção. Tudo dependia disso”, lembra o diretor, que se propôs o desafio de pegar uma das suas marcas registradas, uma cena em que trilha e ação são sincronizadas, e estender por um longa inteiro.

“Durante o processo de escrever o roteiro, procurei pensar em todas as maneiras na qual a música poderia ditar o que está acontecendo na tela”, contou Wright, em entrevista exclusiva. Para tal, fez com que Baby tivesse um problema de audição, um constante zumbido, para o qual as músicas poderiam funcionar como fuga ou como instrumento para ajudar na concentração. A música que ouvimos na trilha é o que o protagonista tem naquele momento em seu iPod.

Efeitos reais

Para filmar as cenas de perseguição, Wright escolheu usar o mínimo possível de computação gráfica. Isso significa carros de verdade correndo por highways de verdade, com os atores dentro. “Originalmente a trama se passava em Los Angeles, mas Atlanta ofereceu maior redução nos impostos. Mas pedi uma condição: quero mostrar a cidade, nada de me empurrar para uma estrada no meio do nada”, afirmou o diretor.

O próprio Ansel Elgort conta que fez aulas de pilotagem com os dublês. “Eles não me deixaram dirigir por que ficaram com medo que eu matasse o Jon Hamm ou o Jamie Foxx (que também estão no filme, assim como Kevin Spacey). Mas algumas das cenas em que estou dirigindo sozinho pude fazer. O mais importante era que, quando o dublê profissional estivesse pilotando no set, eu emulasse os movimentos no volante com perfeição, e para isso eu precisava saber o que fazer.”