[CBLoL 2017] - Recife recebe, neste sábado, final da primeira etapa do Brasileiro de League of Legends

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 07/04/2017 às 16:02
Final do International Wildcard Qualifiers de 2016, que aconteceu na Ópera de Arame, em Curitiba (PR). Foto: Riot Games/Divulgação
Final do International Wildcard Qualifiers de 2016, que aconteceu na Ópera de Arame, em Curitiba (PR). Foto: Riot Games/Divulgação FOTO: Final do International Wildcard Qualifiers de 2016, que aconteceu na Ópera de Arame, em Curitiba (PR). Foto: Riot Games/Divulgação

O Recife irá receber, amanhã, um evento esportivo de repercussão nacional, equivalente à final do Brasileirão. Com direito a duas torcidas apaixonadas, transmissão pela TV e centenas de milhares de espectadores ao redor do País ligados em cada lance. E não tem nada a ver com bola ou gramado, ou qualquer outro esporte que você está acostumado. Se você não sabe do que estamos falando, é bom começar a ficar ligado no cenário do eSports.

O tal evento que acontece esse fim de semana por aqui é a final da primeira etapa do Campeonato Brasileiro de League of Legends. Organizado pela empresa norte-americana Riot Games, o torneio é o mais popular do Brasil, numa onda que vem crescendo a cada ano. A partida entre Red Canids e Keyd Stars será realizada no Classic Hall, e se você se interessou e quer ver pessoalmente, sem chance. Os ingressos esgotaram em menos de uma hora.

Mas primeiro vamos nos familiarizar.

Lançado em 2009, League of Legends (ou "LoL", como é conhecido) é um jogo do gênero multiplayer online battle arena (ou Moba), no qual duas equipes de cinco jogadores disputam o domínio de um cenário e a destruição da base inimiga. De acordo com a Riot, LoL conta com mais de 100 milhões de jogadores online por mês. A grande Final do Campeonato Mundial de League of Legends (Worlds), realizado entre 29 de setembro e 29 de outubro passados, nos Estados Unidos foi assistida por 43 milhões de pessoas ao redor do mundo.

A partida teve pico de audiência de 14.3 milhões de espectadores simultâneos e premiou a equipe coreana SK Telecom (os coreanos são os melhores do mundo em várias categorias de eSports) com o mais alto valor já pago em um Mundial: US$ 6,7 milhões (aproximadamente R$ 23 milhões).

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No Brasil, a Riot Games firmou uma parceria com os canais SporTV, que transmitiram a final do Worlds no SporTV3 e em seu site Sportv.com, atingindo cerca de 815 mil espectadores. Pelos canais digitais oficiais da Riot (YouTube, Twitch e Azubu), foram registrados 717 mil espectadores únicos na grande final.

A SporTV, inclusive, tem investido bastante no eSports. Além de incluir a cobertura dos torneios de games em sua programação (além do LoL, também fala de Counter Strike, Fifa, Street Fighter e outros), ainda convidou atletas para participarem do programa "Bem, Amigos!", com direito a Galvão Bueno narrando um trecho de uma partida. E não é a única: ESPN e Esporte Interativo também contam com equipes especializadas e fazem a transmissão de torneios nacionais e internacionais.

Final do Mundial 2016, no Staples Center, em Los Angeles (EUA). No dia anterior e no posterior, o mesmo local recebeu jogos da NBA, com um público menor. Foto: Riot Games/Divulgação Final do Mundial 2016, no Staples Center, em Los Angeles (EUA). No dia anterior e no posterior, o mesmo local recebeu jogos da NBA, com um público menor. Foto: Riot Games/Divulgação

O investimento em eSports também vem de forma cruzada. O ex-jogador de futebol Ronaldo “Fenômeno” Nazário, por exemplo, adquiriu parte de um dos clubes mais tradicionais do cenário nacional: a equipe CNB e-Sports Club. Ao lado do Fenômeno nessa empreitada estão o jogador de pôquer André Akkari, e o diretor-executivo da Brazilian Series of Poker (BSOP), Igor Trafane Federal - ambos amigos do ex-atleta.

Outro exemplo é Neymar Jr, que passou a se interessar cada vez mais por Counter Strike e nos seus últimos gols pela Seleção tem feito comemorações alusivas ao game. Até Wendell Lira, atacante do Goianésia que venceu o Prêmio Puskas de gol mais bonito em 2016 largou os gramados para ser ciberatleta profissional de Fifa.

O Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLoL) também conta com uma audiência crescente. A última final, realizada em 9 de julho, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, teve mais de 10 mil espectadores presentes no evento, além de aproximadamente 3 mil pessoas que estiveram na Arena das Dunas, em Natal, para assistir à transmissão simultânea nos telões do estádio. A partida também foi transmitida em 60 fanfests organizadas pelos fãs em todo o Brasil - que, no total, contaram com mais de 16 mil participantes - e em 22 salas de cinema espalhadas pelo País.

Final do CBLoL 2016, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Foto: Riot Games/Divulgação Final do CBLoL 2016, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Foto: Riot Games/Divulgação

No Recife, uma startup foi criada com o objetivo de fomentar o cenário de eSports em Pernambuco e no Nordeste, a Noord Games. “É uma atividade que vem crescendo muito, e já que nos orgulhamos de ser inovadores em tecnologia, que tal inovarmos também nos esportes eletrônicos", conta Gabriel Ladislau, um dos sócios da Noord Games. Foram eles que organizaram o Porto Digital League of Legends (PDLoL), torneio que reuniu mais de 30 mil pessoas no Paço Alfândega para a final, no mês passado - maior público do shopping fora o período de carnaval.

O investimento veio de três grandes players locais: o Grupo Duca, a agência de publicidade AMPLA e a IKEWAI, que tem entre seus sócios o presidente do conselho do Porto Digital, Silvio Meira. “Isso cria o potencial de fazer grandes eventos que atraem patrocinadores. Imagina que você é uma marca que quer atingir o público adolescente. Onde eles estão? No Youtube e no Twitch, vendo esse pessoal jogar”, avalia.

Depois do sucesso do PDLoL, a Noord quer organizar mais torneios no Estado. A próxima iniciativa deve reunir equipes formadas pelas universidades pernambucanas. “A gente acha que facilmente consegue encher um Geraldão, inclusive com times locais. Só a transmissão do CBLoL no Shopping Recife vai ter 800 pessoas. E aqui temos uma cena que não só joga e assiste, mas desenvolve jogos também”, completa Silvio Meira.

Final do PDLoL, mês passado, no Paço Alfândega. Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem Final do PDLoL, mês passado, no Paço Alfândega. Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem