Ingestão de frutas impulsou desenvolvimento de cérebros grandes, afirma estudo

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 27/03/2017 às 21:10
Foto: Pixabay
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Os humanos provavelmente desenvolveram cérebros grandes e poderosos com a ajuda das frutas, afirmaram pesquisadores nesta segunda-feira.

Comer frutas foi um passo-chave a partir dos alimentos mais básicos, como folhas, e forneceu a energia necessária para desenvolver cérebros mais volumosos, segundo os cientistas. "Foi assim que conseguimos esses cérebros enormes", disse o autor correspondente do estudo Alex Decasien, pesquisador da Universidade de Nova York.

O estudo publicado na revista científica Nature Ecology & Evolution observou os alimentos básicos de mais de 140 espécies de primatas, e concluiu que suas dietas não mudaram muito ao longo da evolução recente. De acordo com a pesquisa, os animais que se alimentam de frutas têm cérebros cerca de 25% maiores do que aqueles que ingerem principalmente folhas.

Os resultados questionam a teoria que prevaleceu desde meados da década de 1990, segundo a qual os cérebros maiores se desenvolveram a partir da necessidade de sobreviver e se reproduzir em grupos sociais complexos.

Decasien disse que os desafios de viver em grupo podem ter contribuído para o desenvolvimento da inteligência, mas não encontrou nenhuma ligação entre a complexidade da vida social dos primatas e o tamanho dos seus cérebros. Comer frutas, por outro lado, estava fortemente correlacionado com o tamanho dos cérebros.

Alimentos como frutas contêm mais energia do que fontes básicas como folhas, criando assim o combustível adicional necessário para evoluir para um cérebro maior. Ao mesmo tempo, lembrar quais plantas produzem frutas, onde elas estão e como abri-las também poderia ajudar um primata a desenvolver um cérebro maior.

"Eu me sinto confiante de que o estudo deles vai reorientar e revigorar a pesquisa que procura explicar a complexidade cognitiva em primatas e outros mamíferos", escreveu Chris Venditti, pesquisador da Universidade de Reading, no Reino Unido, em um comentário sobre o estudo, também publicado na Nature Ecology & Evolution. "Mas muitas perguntas permanecem", acrescentou.