[Crítica] - Lego Batman - O Filme

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 08/02/2017 às 18:07
Lego Batman - O Filme
Lego Batman - O Filme FOTO: Lego Batman - O Filme

 

Batman é o super-herói mais popular entre a garotada hoje. Talvez ao lado do Homem-Aranha, mas ainda dou mais crédito para o morcegão. Da mesma forma, Lego talvez seja a linha de brinquedos mais popular entre as crianças. Juntar esses dois no cinema é o mesmo que criar uma máquina para imprimir dinheiro.

E foi isso que a Warner Bros. fez e mostrará para todo brasil a partir de amanhã (09): Lego Batman – O Filme vai de carona no sucesso de Uma Aventura Lego (2014) e traz de volta o universo dos blocos de plástico para as telonas. O próprio Batman, que já era um dos personagens principais, agora ganhou seu próprio longa.

O filme tem direção de Chris McKay e produção de Dan Lin, Phil Lord, Christopher Miller e Roy Lee, o mesmo time de Uma Aventura Lego, com roteiro de Seth Grahame-Smith, Chris McKenna, Erik Sommers, Jared Stern e John Whittington.

Mas essa não é a primeira adaptação do universo da DC Comics para os brinquedos. Lego Batman já rendeu três ótimos jogos de videogame, além de algumas animações. Entretanto, o espírito do filme é muito mais anárquico do que os games - então prepare-se para uma história muito mais maluca e engraçada do que já foi feito até agora.

Falando em preparar-se, vale um alerta: se você pai/mãe pensa em levar seu filho(s)/filha(s) para o cinema para ver o filminho do Batman, mas é uma pessoa de pensamento mais, digamos... conservador - é contra casamento gay, feminismo e assuntos correlatos - então talvez você saia um pouco revoltado da sala de cinema. Lego Batman tem muito disso.

O enredo não é sobre esses temas, mas eles estão presentes o tempo todo. Sabe como todo filme infantil hoje tem também algumas piadas que são para os pais? Então, as desse filme tratam disso. E de uma forma bem liberal, com naturalidade. E eu vou explicar isso melhor.

Para começar, o personagem do Batman é um babaca. Sério. Ele é um sujeito completamente egocêntrico e egoísta, além de adorar a fama que recebe como salvador de Gotham .Não se importa nem um pouco com os outros, ao ponto de considerar o Super-Homem um adversário. Nem liga para o seu maior antagonista, o Coringa, que depois de uma tentativa frustrada de acabar com a cidade, tem que ouvir do herói que ele não se considera seu arqui-rival, e ainda por cima que o homem-morcego têm visto outros vilões e não considera sua relação com o Coringa uma "relação". Destaque para quando o vilão reclama: "você nunca me disse 'eu te odeio'".

Nesse meio, Dick Grayson é um órfão que tem a chance de encontrar seu ídolo Bruce Wayne ("o maior órfão de todos") no jantar de despedida do Comissário Gordon. O policial anuncia que sua filha, Bárbara Gordon, lhe substituirá e apresenta a moça - o que deixa Wayne maluco, apaixonado pela garota. Ao ponto de não perceber que aceitou adotar o jovem Dick.

A partir daí se constrói a trama: Batman quer impressionar Bárbara e Dick deve se ajustar a sua nova família, e acaba se tornando o Robin. Trazer o jovem para a mansão Wayne é ideia principalmente de Alfred, que quer que seu protegido enfrente o seu maior medo: ter uma família novamente. Porém, o órfão não sabe que o morcego e Wayne são a mesma pessoa, ao passo que Batman lhe explica que os dois terão a guarda compartilhada. Robin tem "dois pais", sacou?

O filme não é tão divertido quanto Uma Aventura Lego, mas garante a alegria da criançada com suas cenas de ação malucas e situações absurdas nas quais os personagens se metem. Apesar de toda essa discussão social sobre o que é de verdade uma família e a natureza dos relacionamentos, o texto e a trama são mais infantis do que o filme anterior da Lego. Mas isso vale mesmo para os pais, já que as crianças estarão mesmo ligadas nas aventuras dos heróis, então está valendo.

Tem personagem para todo mundo. Batman passa por um arco de evolução ao longo do filme, e fica menos babaca lá no final, quando aceita seu papel de "pai" da família morcego. Bárbara Gordon é um exemplo legal para as meninas: é independente, inteligente, forte e independente. Dick Grayson/Robin é o alívio cômico do filme, um sujeito divertido, habilidoso e otimista, apesar de ter vivido boa parte da vida sem uma família. E o Coringa é de fato, um ladrão, já que rouba toda cena em que aparece.

Como é um filme Lego, não poderiam faltar as referências. Praticamente TODOS os filmes do Batman - dos feitos na década de 1960 até Batman v Superman - são referenciados e devidamente zoados. A Liga da Justiça faz uma aparição breve, que deixa um gosto de "quero mais", mas pelo menos abre portas para mais heróis nas continuações (o Aquaman aparece, eba!). Mas sensacional mesmo são os vilões que fogem da Zona Fantasma: Sauron, de O Senhor dos Anéis; Voldemort, da saga Harry Potter; King Kong; a Bruxa Má do Oeste de O Mágico de Oz e até os Daleks de Doctor Who dão uma pinta.

O filme original tem um elenco estelar na dublagem: Will Arnett reprisa o papel de Batman, Zach Galifianakis (“Muppets 2: Procurados e Amados”, filmes “Se Beber Não Case”) interpreta o Coringa; Michael Cera (série de TV “Arrested Development”) é o Dick Grayson; Rosario Dawson (série da Netflix “Demolidor”) interpreta Barbara Gordon; e Ralph Fiennes (o Voldemort de verdade) é Alfred. Mas provavelmente você só ouvirá essas vozes quando o filme sair para home video, já que as cópias por aqui devem ser todas dubladas - e muito bem dubladas pelo sempre competente elenco de dubladores brasileiros.