Simpatia pode estar relacionada a formato do cérebro, dizem cientistas

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 25/01/2017 às 12:49
Foto: Pixabay
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Características de personalidade podem estar relacionadas com a forma do cérebro, revelou um estudo, que mediu a correlação entre as diferenças estruturais do órgão e os cinco principais traços de caráter.

"O formato dos nossos cérebros pode aportar chaves surpreendentes sobre o nosso comportamento e os riscos que corremos de desenvolver distúrbios mentais", informou, em um comunicado, a Universidade de Cambridge, que participou do estudo.

Para a pesquisa, um grupo de psicólogos identificou cinco elementos básicos da personalidade: o nível de neurose, a extroversão, a abertura da mente, a amabilidade e o excesso de escrúpulos. Os estudiosos analisaram exames de escâner de 500 pessoas com idades entre 22 e 36 anos para examinar as diferenças no córtex, onde fica a matéria cinzenta.

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Os especialistas se concentraram em medir a espessura, a área e o número de pregas nos cérebros das diferentes pessoas. "Descobrimos que o nível de neurose (...) está relacionado com um córtex mais grosso e com área menor e menos pregas em algumas regiões", disse Roberta Riccelli, acadêmica da Universidade Magna Graecia da Itália e coautora do estudo.

Inversamente, a abertura mental "foi associada a um córtex mais fino e a uma área maior e a mais pregas". O estudo foi o primeiro a relacionar estes cinco traços com diferenças no formato do cérebro, disse Riccelli à AFP.

Este é "um passo crucial para melhorar a compreensão que temos das doenças mentais", explicou a especialista. "Isto pode nos dar a oportunidade de identificar de forma preventiva pessoas que tenham alto risco de desenvolver uma doença mental, o que tem implicações evidentes para uma intervenção rápida", afirmou.

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Os pesquisadores abordaram um questionamento que tem inquietado filósofos e cientistas durante séculos: se as pessoas são produto da genética, da criação ou do ambiente. O estudo publicado na revista Journal Social Cognitive and Affective Neuroscience, no entanto, não mostrou de forma conclusiva uma relação entre formato do cérebro e tipo de personalidade, destacaram os autores.

"Não podemos responder à pergunta de quem veio primeiro, o ovo ou a galinha", disse Riccelli, destacando que a forma do cérebro é determinada pela genética e também por fatores ambientais.

AFP