[Crítica] - Resident Evil 6 - O capítulo final

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 25/01/2017 às 15:11
Resident Evil 6 FOTO:

A série de filmes de Resident Evil - todos dirigidos e produzidos por Paul W. S. Anderson, e estrelados por Milla Jovovich - nunca foram grandes obras da sétima arte. Mas sempre entregaram o que prometiam: ação desenfreada, zumbis raivosos, uma trama meio rasa de ficção científica e Milla chutando bundas.

O problema de Resident Evil 6 - O capítulo final, que estreia nos cinemas nesta quinta (26), é que ele prometeu um pouquinho a mais: a conclusão da saga, ou pelo menos um fechamento para a personagem principal. E entregou de menos. Saldo negativo no fechamento da conta.

Antes de mergulharmos no filme, acho legal separarmos filme de jogo. Afinal, Resident Evil nasceu nos videogames, e o primeiro filme, lá de 2002, era uma adaptação do game de 1996. O segundo,  Resident Evil: Apocalypse (2004), também tentou levar às telonas o segundo jogo, bem mais ou menos. Mas do terceiro em diante, os filmes de Paul W. S. Anderson ganharam vida própria, embora não esqueçam das origens e de vez em quando tragam um elemento ou outro. Fãs dos games, não esperem nada do enredo dos jogos no filme, ok?

Dito isso,  fica claro para o espectador que Resident Evil 6 - O capítulo final foi construído em volta das suas cenas de ação. Não me entenda errado, elas são divertidas e absurdas na mesma medida. E tem muitas delas, o filme praticamente não para. Os efeitos especiais são muito bons em alguns momentos e falham em outros, mas não chega a ficar "tosco" nunca - a não ser quando a "tosquice" faz parte desse universo de Filme B criado para a saga.

Mas quando eu falei lá em cima que ele promete e não entrega, é mesmo em  termos de enredo. Ou da absoluta falta dele. Quando você coloca o subtítulo "O capítulo final", você espera um fechamento para tudo que aconteceu nos cinco filmes anteriores. Mas o que recebemos com Resident Evil 6 é um "deus ex machina" apressado e sem inspiração. Nem o carisma da Milla tira essa sensação no final da sessão.

A trama é a seguinte: no final de Resident Evil 5 - Retribuição, a Casa Branca estava cercada de zumbis e monstros e era o último bastião da humanidade. Pois é, deu errado e foi tudo pro caral... pras cucuias. Alice (Milla Jovovich) tenta sobrevivar numa Washington agora totalmente devastada, mais próxima do cenário de Mad Max do que qualquer outra coisa. Daí que ela tem um encontro com a Rainha Vermelha, a inteligência artificial em formado de garotinha, criada pela corporação maligna Umbrella que quer exterminar a raça humana. Parece que ela mudou de ideia.

Antes disso, o filme te dá um resumão do que é a história. Não conta detalhes do que aconteceu nos longas anteriores, mas um panorama geral da criação do T-virus, o que ele faz, da Umbrella e da Rainha Vermelha. Voltando à ela, a inteligência artificial (que até então era uma das vilãs absolutas dos filmes) conversa com Alice e diz que quer ajudá-la. E mais: que existe uma cura para o T-virus, e está na base da Umbrella, lá em Raccon City, cenário do primeiro longa.

Ou seja, tudo pela qual Alice passou nos últimos 10 anos, todas as pessoas que conheceu e que se sacrificaram, todos os monstros que matou, clones, bandidos e o escambau a quatro, nada disso vale. Pois, desde sempre, a Umbrella tinha a cura para os zumbis, bem dentro da base da empresa. Desde antes da história do primeiro filme, ela sempre existiu, simples assim. E a principal vilã é boazinha. Agora Alice tem 48 horas para encontrar essa cura, ou os últimos 4 mil e poucos humanos estarão condenados. Por que? Não sei, esse povo não aparece, nem o que está ameaçando eles.

A partir disso, são 1h30 de Alice saindo na porrada com minions da Umbrella, matando monstros, explodindo coisas, pilotando carros e motos e tendo diálogos inúteis com personagens que vão morrer daqui a pouco. Ela tem 48 horas para encontrar o antivírus? Pois, desse tempo, ela passa bem umas 35 horas desacordada, entre uma cena de ação e outra.

O filme até tem outros atores fora a Milla, principalmente Iain Glen (de Game of Thrones) como o Dr. Isaacs e Ali Larter de volta ao papel de Claire Redfield. Mas com Ruby Rose (de Orange is the new black), Eoin Macken (da série Night Shift) e William Levy (O Clube das Mães Solteiras ), nem se importe, muito menos se apegue. Inclusive, ignore o material de divulgação do filme, que mostra essas pessoas. Alguns monstros feitos em computação gráfica têm mais tempo de cena e falas do que eles.

No fim, Resident Evil 6 - O capítulo final não é muito melhor do que seus antecessores (nem muito pior, tirado o choque inicial da falta completa de enredo). Mas para ser o fechamento da série, merecia mais. Se não pelos fãs, pela Milla, que é maravilhosa.