Debbie Reynolds morre um dia depois de sua filha Carrie Fisher

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 29/12/2016 às 10:58
Foto de 2007 mostra Carrie Fisher e sua mãe, Debbie Reynolds, na entrada do aniversáiro de 75 anos de Elizabeth Taylor. AFP PHOTO / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Ethan Miller
Foto de 2007 mostra Carrie Fisher e sua mãe, Debbie Reynolds, na entrada do aniversáiro de 75 anos de Elizabeth Taylor. AFP PHOTO / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Ethan Miller FOTO: Foto de 2007 mostra Carrie Fisher e sua mãe, Debbie Reynolds, na entrada do aniversáiro de 75 anos de Elizabeth Taylor. AFP PHOTO / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Ethan Miller

Famosa pelo clássico "Cantando na Chuva" e pela traição escandalosa de sua melhor amiga, Elizabeth Taylor, que acabou com seu casamento, a lenda do cinema Debbie Reynolds morreu na noite de quarta-feira, um dia após o falecimento de sua filha Carrie Fisher.

A estrela dos anos dourados de Hollywood, que atuou em cerca de 30 filmes entre 1950 e 1967, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) um dia após a morte de sua filha, que interpretou a lendária princesa Leia em "Guera nas Estrelas".

"Ela queria estar com Carrie", declarou seu filho Todd Fisher, citado pela revista Variety, horas depois de, desconsolada pela morte da filha, Debbie passar mal e ser hospitalizada.

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Debbie Reynolds. AFP PHOTO / Ben STANSALL Debbie Reynolds. AFP PHOTO / Ben STANSALL

"Perdemos um talento único e um tesouro nacional. Sendo tão rápido depois da morte de sua filha, Carrie Fisher, isto é realmente uma dupla tragédia", declarou Gabrielle Carteris, presidente do Screen Actors Guild, o sindicato de atores, em um comunicado. "Sua marca em nossa cultura é profunda e ambas viverão para sempre", completou.

Carrie Fisher morreu na terça-feira quatro dias após sofrer um infarto em um voo entre Londres e Los Angeles. Reynolds, de 84 anos, estava na casa de seu filho Todd para discutir a organização do funeral de Carrie.

"Obrigada a todos os que abraçaram os dons e talentos de minha amada e incrível filha. Estou agradecida por seus pensamentos e orações que agora a estão guiando em sua próxima parada", havia escrito a atriz veterana no Facebook após a morte de sua filha.

Reynolds - que recebeu no ano passado o Prêmio Humanitário Jean Hersholt - cativou o público pela primeira vez com sua atuação no filme "Cantando na Chuva", em 1952, que protagonizou com Gene Kelly, apesar de não ser dançarina profissional.

"'Cantando na Chuva' e dar à luz foram as coisas mais difíceis que fiz na minha vida", escreveu em uma primeira autobiografia intitulada "Debbie", publicada em 1988.

O capitão Kirk de Star Trek, William Shatner, disse no Twitter que "Debbie Reynolds era um dos últimos símbolos da Realeza de Hollywood. Meu coração fica partido pelo fato de ter ido embora".

Nascida sob o nome de Mary Frances Reynolds em 1º de abril de 1932 em El Paso, Texas, Debbie foi a segunda filha de Raymond Francis Reynolds, um carpinteiro ferroviário, e sua esposa Maxine. Foi descoberta pelos estúdios MGM de Hollywood após vencer um concurso de beleza aos 16 anos, na Califórnia.

Desempenhou, em geral, papéis nos quais interpretava uma heroína jovem, como "Quando Canta o Coração" (1950) e "A Flor do Pântano" (1957), os primeiros de uma série de populares filmes juvenis. Seu papel em "A Inconquistável Molly", de 1964, valeu a ela uma indicação ao Oscar.

"Isso é muito duro para entender. Bonita, talentosa, entregue a sua arte, segue Carrie", escreveu a atriz Bette Midler no Twitter.

"Não há nada pior que ter que enterrar um filho. Debbie morreu com o coração partido, mas agora está com sua filha", expressou, por sua vez, o ator George Takei, o sr. Sulu, também de "Star Trek".

Gene Kelly e Debbie Reynolds, em Cantando na Chuva.  AFP PHOTO / STRINGER Gene Kelly e Debbie Reynolds, em Cantando na Chuva. AFP PHOTO / STRINGER

- Escândalo amoroso -

Fora das telas, Roynolds protagonizou um drama digno de cinema.

Foi brevemente casada com o pai de Carrie, o cantor Eddie Fisher. O casamento de aparência perfeita acabou quando o intérprete deixou a atriz e correu para os braços de sua melhor amiga, Elizabeth Taylor, no que foi considerado o escândalo do século XX na década de 1950. No entanto, ambas permaneceram próximas até a morte de Taylor, em 2011.

Sua separação só aumentou sua fama. Protagonizou "Como Fisgar um Marido", com Tony Randall, um dos quatro filmes em que atuou em 1959.

O estilo musical de Hollywood começava a mudar e, embora sua carreira cinematográfica tenha terminado em 1970, trabalhou em outros filmes e séries para a televisão. Também atuou na Broadway e ganhou um Tony por sua participação em "Irene" no início dos anos 70.

Para manter sua família, aceitou trabalhos em Las Vegas, onde teve seu próprio cassino, que abrigou sua extensa coleção de recordações até seu fechamento, em 1997.

Eddie Fisher não foi o único homem na vida de Reynolds, que em uma entrevista disse que se saía melhor escolhendo restaurantes que maridos. Seu segundo marido, o magnata dos calçados Harry Karl, apostou a maior parte de sua fortuna; e o terceiro casamento, com o empresário imobiliário Richard Hamlett, terminou após onze anos de união.

Em 2013, em sua autobiografia "Unsinkable: A Memoir", detalhou os altos e baixos de sua vida e de uma carreira cinematográfica em meio ao glamour de Hollywood durante os anos dourados.

Conhecida em certo momento como a principal colecionadora de recordações de Hollywood, Reynolds também ajudou a fundar um grupo que luta contra problemas ligados aos transtornos mentais.

Admirada por sua versatilidade, teve sua própria série de TV, "The Debbie Reynolds Show", que durou apenas uma temporada (1969-1970).

"Bright Lights: Starring Carrie Fisher and Debbie Reynolds", o documentário sobre sua relação com a filha, foi premiado este ano no festival de Cannes e deverá ser exibido pela HBO em março.

Uma de suas últimas participações mais marcantes foi vivendo a exuberante mãe de Deborah Messing na sitcom dos anos 1990 "Will & Grace".