Usuários de smartphone ainda preocupados com a segurança

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 18/10/2016 às 8:38
Foto: Reprodução da internet
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Luiza Freitas, do Jornal do Commercio

O número de pessoas que possuem smartphones cresceu 176% no Brasil entre 2013 e 2016. Apesar de os aparelhos estarem acessíveis a mais pessoas e por mais tempo, alguns serviços disponíveis no mobile ainda encontram resistência por parte do usuário.

De acordo com a pesquisa Global Mobile Consumer Survey (GMCS) 2016 - algo como Pesquisa Mundial do Consumidor Mobile em tradução livre para o português -, realizada pela Deloitte, mostra 44% das pessoas que têm smartphones não usam o equipamento para realizar transações financeiras ou bancárias por temor em relação à segurança. Na visão da consultoria responsável pelo estudo, o percentual representa, antes de tudo, um serviço com espaço para crescer.

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O mesmo estudo mostra que, apesar do medo em relação à segurança de dados bancários, cerca de 28% das pessoas que se negam a usar serviços financeiros não usam qualquer sistema de bloqueio do aparelho por senha, PIN, ou reconhecimento de impressão digital. "É um mercado que, antes de mais nada, ainda pode ser muito mais explorado. A resistência das pessoas ao uso do smartphone para esses serviços mostra um obstáculo tanto cultural quanto de educação, que precisa ser trabalhado", analisou a sócia-líder para atendimento à indústria de tecnologia, mídia e telecomunicações da Deloitte, Márcia Ogawa, que apresentou o estudo ontem, durante a abertura da Futurecom, em São Paulo.

Considerando os dados por região, o Nordeste representa um perfil de usuário um pouco mais conservador que a média nacional. Apenas 25% dos nordestinos usaram apps bancários para pagar conta de serviço (como água e gás) - contra 28% da média do País - sendo, junto ao Sul, a região com menos adesão. Em relação a serviços de conta (como seguros em geral, por exemplo), a resposta do Nordeste é igual à média do País, 17%, mas ainda fica atrás de regiões como o Norte.

Outro dado que pode estar relacionado a esse comportamento mais resistente é a faixa etária. Entre as pessoas entre 45 e 55 anos, 58% estão dispostas a compartilhar informações de uso solicitadas para o uso de determinadas funções dos smartphones - não só os apps bancários. Entre os jovens de 18 a 24 anos esse percentual sobe para 72%.

Mesmo diante da resistência detectada no estudo, outra pesquisa realizada pela Deloitte para a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em 2015 mostra que o segmento está em expansão. No ano passado, os serviços de mobile banking registraram 11,2 bilhões de transações, número 138% maior que o verificado pela entidade em 2014, quando foram 4,7 bilhões de operações.

O desafio por parte dos bancos e outras empresas do mercado financeiro, como as de cartão de crédito, é convencer os usuários resistentes de que a plataforma possui uma tecnologia com segurança à altura do que o serviço precisa para que os apps bancários se encaixem à rotina das pessoas, como já acontece com outros tipos de aplicativos. Cerca de 60% das pessoas entrevistadas admitiram ter baixado mais 20 apps além dos que já são instalados na aparelho pelo fabricante.

"Os aplicativos são essenciais para valorizar a capacidade de multiplicadores de tarefas dos smartphones. Por isso, as pessoas que utilizam esses aparelhos estão cada vez mais interessadas em ter acesso a softwares para ampliar suas opções de acesso a ferramentas de comunicação, instrumentos de trabalho ou recursos de entretenimento. Esse é um nicho de mercado que está transformando em milionários, o até bilionários, alguns jovens criativos, por exemplo", comentou Márcia. A pesquisa foi realizada pela empresa de consultoria em 31 países. No Brasil foram ouvidas 2.005 pessoas de todas as regiões. O Nordeste foi o segundo com maior número de pesquisados (27%), atrás apenas do Sudeste (43%).

CONTRAPONTO - Diferente do temor à segurança de dados em relação aos apps financeiros, o usuário brasileiro parece não ter resistência aos aplicativos de mensagens instantâneas. O Whatsapp, o maior deles, é o aplicativo mais lembrado entre todas as categorias, mencionado por 85% dos entrevistados. O mais curioso é que esse percentual aumenta entre a faixa etária mais madura, de 45 a 55 anos, chegando a 90%. O engajamento ao serviço é tão grande que 38% do total de participantes afirmaram checar mensagens caso acordem no meio da noite.