Missão ExoMars avança sem problemas até Marte

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 17/10/2016 às 14:51
A separação do módulo Schiaparelli da ExoMars. AFP PHOTO / EUROPEAN SPACE AGENCY / D. Ducros
A separação do módulo Schiaparelli da ExoMars. AFP PHOTO / EUROPEAN SPACE AGENCY / D. Ducros FOTO: A separação do módulo Schiaparelli da ExoMars. AFP PHOTO / EUROPEAN SPACE AGENCY / D. Ducros

Pascale Mollard-Chenebenoit (AFP)

O módulo europeu Schiaparelli continuava nesta segunda-feira sua longa descida até Marte, onde deve pousar na quarta-feira e demonstrar, assim, a capacidade de aterrissar um módulo espacial em um planeta, um exercício muito difícil.

Por sua vez, a sonda russo-europeia TGO (Trace Gas Orbiter), da qual o módulo "Schiaparelli" se separou, seguia funcionando sem problemas, o que aumenta as esperanças de um êxito da missão ExoMars. A TGO mudou de trajetória na noite de domingo para se afastar de Marte depois de ter lançado o módulo, anunciou nesta segunda-feira a Agência Espacial Europeia.

Esta importante manobra "transcorreu como estava previsto", disse em um tuíte Micha Schmidt, diretor-adjunto de voo da ExoMars no Centro Europeu de Operações Especiais (ESOC), em Darmstadt (Alemanha). "A sonda TGO está bem e a caminho do próximo grande acontecimento: sua inserção na órbita de Marte", acrescentou. A TGO deveria imperativamente concretizar esta manobra porque, caso contrário, teria colidido contra Marte.

Esta sonda está encarregada de "farejar", a partir do início de 2018, a atmosfera marciana para detectar rastros de gases como o metano, o que poderia indicar uma forma de vida atual no Planeta Vermelho. Após um périplo de sete meses para chegar a Marte, Schiaparelli se separou, como estava previsto, da sonda russo-europeia às 14h40 GMT (12h40 de Brasília) de domingo.

"Agora está em vigília, para limitar o consumo elétrico", disse à AFP Richard Bessudo, do grupo aeroespacial franco-italiano Thales Alenia Space, que preparou o projeto ExoMars. "Sciaparelli despertará quinze minutos antes de entrar na atmosfera marciana", acrescentou Bessudo.

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Pousar em Marte é um desafio tecnológico para a Europa, que quer provar que domina este exercício. Até agora apenas os americanos conseguiram pousar em Marte módulos que puderam funcionar. Trata-se da segunda vez que a Europa tenta pousar um módulo em Marte.

Há treze anos, a sonda europeia Mars Express havia lançado um minimódulo de pouso Beagle 2, de concepção britânica, que nunca deu sinais de vida. No entanto, sabe-se desde 2015 que Beagle 2 pousou efetivamente em Marte.

O grande salto de Sciaparelli é a primeira etapa da ExoMars, uma ambiciosa missão científica europeia-russa em duas etapas (2016 e 2020) que tenta buscar indícios de vida atual ou remota em Marte. Em 2020, Europa e Rússia enviarão um robô que irá incorporar os desenvolvimentos tecnológicos de Schiaparelli.

ExoMars 2016. Foto: AFP PHOTO / EUROPEAN SPACE AGENCY / D. Ducros ExoMars 2016. Foto: AFP PHOTO / EUROPEAN SPACE AGENCY / D. Ducros

Este aparelho realizará perfurações para seguir as buscas por sinais de vida, desta vez se concentrando na possibilidade de que o Planeta Vermelho pudesse abrigar bactérias. TGO e Schiaparelli, batizado em homenagem ao astrônomo italiano do século XIX, percorreram quase 500 milhões de quilômetros desde seu lançamento no foguete Proton a partir da plataforma de Baikonur, no Cazaquistão.

O módulo é uma cápsula de 2m40 de diâmetro que se parece com uma "piscina inflável para bebês", segundo Michel Denis, diretor de voo da ExoMars. A descida de um milhão de quilômetros de Schiaparelli durará três dias, mas apenas seis minutos entre o momento em que entrará na atmosfera marciana e seu impacto no solo.