Descobertas estrelas antigas que ajudam a entender núcleos galácticos

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 13/10/2016 às 10:34
AFP PHOTO
/ EUROPEAN SOUTHERN OBSERVATORY
AFP PHOTO / EUROPEAN SOUTHERN OBSERVATORY FOTO: AFP PHOTO / EUROPEAN SOUTHERN OBSERVATORY

AFP

Astrônomos chilenos descobriram no coração da Via Láctea um grupo de estrelas de mais de dez bilhões de anos, denominadas RR Lyrae, que ajudariam a entender melhor a formação de núcleos galácticos.

Usando o telescópio infra-vermelho Vista, instalado no Observatório Paranal, no deserto do Atacama (1.400 km ao norte de Santiago), os astrônomos conseguiram encontrar estas estrelas em meio ao superpovoado centro da Via Láctea, onde existem, em sua maioria, estrelas "jovens e brilhantes", informou a Universidade Andrés Bello em um comunicado.

"Esta descoberta de estrelas RR Lyrae no centro da Via Láctea tem importantes implicações na formação de núcleos galácticos", explicou Rodrigo Contreras, um dos astrônomos chilenos. Esta evidência indica que há vestígios de antigos cúmulos globulares dispersos no centro do bulbo da Via Láctea, que é o local onde se encontra o grupo central de estrelas de uma galáxia.

Leia mais:

Formação de planetas: o balanço de cinco anos de descobertas do Radiotelescópio Alma

Telescópio europeu Gaia revela o mapa astronômico mais detalhado já produzido 

As observações indicam que o bulbo da Via Láctea "criou-se a partir da fusão de alguns poucos cúmulos globulares", uma das duas teorias atualmente em voga entre especialistas para explicar como se formam os bulbos galácticos. A outra hipótese aponta a que estes bulbos seriam fruto de um rápido acúmulo de gás.

As estrelas descobertas em Paranal não são uma prova para sustentar uma importante teoria da evolução galáctica, mas, dada a sua antiguidade e apesar de sua luz ser tênue, são as sobreviventes do que pode ter sido o cúmulo de estrelas mais antigo e maciço dentro da Via Láctea, concluiu o comunicado.

Paranal, que está sob a tutela do Observatório Europeu Austral (ESO), situa-se no norte do Chile, sob um dos céus mais limpos e com características favoráveis à observação do espaço, onde se encontram os maiores observatórios do mundo.