Samsung abalada por crise provocada por baterias explosivas

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 10/10/2016 às 12:37
AFP / JUNG YEON-JE
AFP / JUNG YEON-JE FOTO: AFP / JUNG YEON-JE

Hwang Sung-Hee (AFP)

A crise segue rondando a empresa sul-coreana Samsung Electronics, que anunciou nesta segunda-feira um "ajuste de volumes de produção" de seu telefone Galaxy Note 7, convocado a um recall devido a riscos de explosão.

O primeiro fabricante mundial de smartphones passa por tempos difíceis desde que em 2 de setembro, semanas depois do lançamento antecipado do Galaxy Note 7, suspendeu as ventas deste "phablet" (híbrido de smartphone e tablet) e convocou a um recall 2,5 milhões de unidades vendidas em dez países após a descoberta de que, em alguns casos, as baterias defeituosas poderiam explodir.

Quando as baterias explodem 

A operação parecia avançar corretamente até que novos incidentes foram detectados em aparelhos Galaxy Note 7 que já haviam sido substituídos.

No domingo, o gigante americano de telecomunicações AT&T e seu concorrente alemão T-Mobile anunciaram que interrompiam as operações com os Galaxy Note 7 à espera de investigações adicionais.  O AT&T é o terceiro maior cliente da Samsung, e o T-Mobile o quarto.

Isso fez com que a ação da Samsung chegasse a perder nesta segunda-feira até 4% na bolsa de Seul, embora tenha terminado a sessão com um retrocesso de 1,52%.

Problemas do Galaxy Note 7 fazem Samsung despencar Bolsa

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Além disso, segundo a agência Yonhap, que cita como fonte o responsável de um fornecedor do gigante sul-coreano, a Samsung teria suspendido temporariamente a produção do Galaxy Note 7. Esta decisão foi adotada em coordenação com as autoridades de proteção do consumidor da Coreia do Sul, Estados Unidos e China, indicou a fonte, que pediu o anonimato, à agência Yonhap.

Mas a Samsung tentava na tarde desta segunda-feira esclarecer a situação.

Samsung Galaxy S7. AFP / Kirill KUDRYAVTSEV Samsung Galaxy S7. AFP / Kirill KUDRYAVTSEV

A humilhação suprema

"Estamos tentando ajustar os volumes de produção para melhorar o controle de qualidade e permitir investigações mais profundas após as crescentes explosões do Galaxy Note 7", indicou o grupo em um comunicado.

As imagens de telefones carbonizados inundaram as redes sociais de todo o mundo nas últimas semanas, uma humilhação suprema para um grupo que se vangloria de ser o campeão da inovação e da qualidade. E os incidentes reiterados em aparelhos já substituídos agravaram ainda mais a situação da Samsung.

A crise ocorre num momento que não podia ser pior. Após os anos excepcionais de 2012-2013, a Samsung começou a sofrer com a concorrência da americana Apple e dos grupos chineses. E o grupo sul-coreano contava com este modelo para sustentar seu crescimento até o fim do ano, em um mercado cada vez mais competitivo.

Os analistas consideram que o custo desta convocação a um recall oscila entre 1 e 2 bilhões de dólares. "É novamente algo muito grave", declarou S.R. Kwon, analista da Dongbu Securities. "Podem chegar a retirar o Note 7 do mercado. O mais inquietante é que as coisas não parariam por aí". "Isso vai danificar a imagem de marca da Samsung e penalizará as vendas de outros smartphones Galaxy", previu.