Aldeia lunar desperta 'reações positivas', diz diretor da Agência Espacial Europeia

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 20/09/2016 às 11:52
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Por Pascale Mollard-Chenebenoit (AFP)

O alemão Jan Wörner, diretor-geral da Agência Espacial Europeia (ESA), assegurou que a sua ideia de criar uma aldeia lunar internacional recebeu "numerosas reações positivas" de atores tanto privados como públicos do setor espacial, em uma entrevista à AFP.

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Pouco depois de assumir o comando da ESA, em julho de 2015, Wörner propôs a ideia de uma "Moon village", que poderia suceder a Estação Espacial Internacional (ISS), atualmente financiada até 2024. Qual é a situação, um ano depois? "Fiz grandes avanços, muito mais do que pensava, pois recebi muitas reações positivas e indicações claras de alguns atores do setor espacial que desejavam participar" das reflexões sobre a aldeia lunar, declarou Wörner.

"Não se trata de um projeto, senão de um conceito aberto", ressaltou o ex-diretor da DLR, a agência espacial alemã, para evitar qualquer mal-entendido. "Dizemos: 'por que não unir nossas forças a nível internacional para voltar para a Lua?'", que é "um destino muito bom".

"A aldeia é composta por pessoas que querem formar uma comunidade", diz ele. "Isso é para dizer: 'trabalhemos em conjunto em um ambiente aberto no mesmo lugar'".  Cada um com as suas ideias. Alguns atores querem enviar robôs, outros estão interessados em recursos do subsolo, outros podem querer enviar homens, enumera Wörner. "É uma combinação de interesses diferentes". "Não se trata de um projeto que seria financiado pelos países membros da ESA", afirmou.

Jan Wörner espera defender seu projeto de uma "Moon village" durante o 67º congresso internacional de astronáutica, que será realizado em Guadalajara, México, entre 26 e 30 de setembro, como já fez no ano passado.

A posição da Nasa, que planeja realizar missões ao redor da Lua, evoluiu e está "em jogo", afirmou. Vários países, como a Rússia e a China, têm um programa lunar. Também existem iniciativas privadas, como turismo e mineração.

"Em Guadalajara, tentarei juntar um pouco disso tudo", disse.

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Na agenda de Jan Wörner para o próximo outono, também consta a questão da participação da Europa na Estação Espacial Internacional após 2020.  "Todos os outros sócios [Estados Unidos, Rússia, Japão, Canadá] da ISS já confirmaram sua intenção de prolongar seu financiamento da estação até 2024", apontou Wörner. "A Europa deveria fazer o mesmo".

"Nossa contribuição só representa 8% do orçamento da ISS", acrescentou.  "Na minha opinião, deveríamos continuar utilizando este laboratório do espaço para realizar todo tipo de experimentos no futuro", disse.  "Por isso, defendo fortemente a prolongação da participação da Europa na ISS até 2024" - e está confiante de que isso vai acontecer, conta.

Segundo Wörner, até agora, a maioria das respostas dos países membros nesse sentido foram positivas. Resta saber "quanto dinheiro será alocado" no projeto, algo que os "os Estados membros vão decidir na conferência ministerial da ESA em Lucerna (Suíça), no início de dezembro.

Foto: Nasa Foto: Nasa