Startup pernambucana Epitrack cria aplicativo que ajuda a combater epidemias

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 08/09/2016 às 12:16
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Criar mecanismos para facilitar a coleta colaborativa de dados de ocorrências epidêmicas e mapeamento de surtos de doenças infecciosas. Foi com esse objetivo que surgiu a startup pernambucana Epitrack, que utiliza o cidadão comum como fonte primária de informação. Com apenas três anos de atuação, a empresa já desenvolveu aplicativos utilizados nos Estados Unidos, Canadá e Porto Rico, além do Brasil.

“Desde 2011 trabalhamos em nosso grupo de pesquisas para produzir tecnologia para melhorar a rotina dos agentes de saúde em comunidades carentes, endêmicas para várias doenças”, explica a diretora de Marketing da Epitrack, Mariana Nacarato. “A partir daí, tomamos como nossa missão unir tecnologia e saúde pública para impactar a vida das pessoas, proporcionando novas formas de combate a epidemias”, completa.

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Em fevereiro de 2014, a empresa conseguiu seu primeiro investimento, de cerca de US$ 93 mil, da Tephinet – uma fundação ligada ao Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), dos Estados Unidos. “Na ocasião, foi desenvolvida o aplicativo Saúde na Copa, a primeira estratégia de vigilância participativa e eventos de massa do mundo”, conta a executiva.

Onicio Batista Leal Neto, sócio, co-fundador e CEO da Epitrack, é biomédico epidemiologista. Foto: Divulgação Onicio Batista Leal Neto, sócio, co-fundador e CEO da Epitrack, é biomédico epidemiologista. Foto: Divulgação

Na plataforma, o usuário informa sintomas, tratados com uma inteligência epidemiológica que gera dados para subsidiar governos a dar uma resposta mais rápida a alertas de surtos.

“Dessa forma, conseguimos detectar de forma antecipada em relação às fontes tradicionais a possibilidade da ocorrência de epidemias. Além disso, nós devolvemos essa informação para os usuários saberem quão saudável está a comunidade em que ele vive”, afirma Mariana.

Atualmente, a Epitrack tem duas plataformas em funcionamento: Flu Near You (focada em Influenza nos EUA e Canadá) e Guardiões da Saúde (Brasil). Este último foi feito para o Ministério da Saúde, e funciona como uma plataforma de vigilância participativa de saúde nas Olimpíadas, inclusive de doenças exantemáticas (arbovírus como dengue, chikungunha e zika).

Os dados coletados pelos aplicativos da Epitrack já serviram para embasar artigos científicos publicados por pesquisadores de Harvard, mostrando como o crowdsourcing em saúde consegue antecipar a detecção de surtos e epidemias antes das fontes tradicionais provenientes do governo.

“Para o controle de doenças infecciosas, é necessário ter o conhecimento de como os doentes se distribuem no território e assim planejar melhor as ações e intervenções para interromper os ciclos de transmissão. Além de possibilitarem a coleta de dados e geração de informação de maneira muito mais rápida, nossos algoritmos conseguem trazer o comportamento de situações futuras, provendo o governo de dados estratégicos para o controle mais ágil de situações epidêmicas”, afirma a executiva.

Empresa ocupa escritório no Pina, Zona Sul do Recife. Foto: Divulgação Empresa ocupa escritório no Pina, Zona Sul do Recife. Foto: Divulgação

Atualmente, a empresa possui um escritório num empresarial no Pina com 10 pessoas, incluindo os sócios. “Estamos em fase de preparação para captação de investimento. Já fomos sondados por alguns fundos importantes do ecossistema regional”, diz Mariana.

Em novembro, a Epitrack participará do WebSummit 2016 em Lisboa, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo. “Ainda estamos participando do programa suíço Swiss Business Hub, que visa à internacionalização de startups, na qual faremos uma missão para conhecer as oportunidades de iniciar uma operação voltada para prospecção do mercado europeu.”