Pokémon Go impulsiona tímida estratégia da Nintendo no mercado móvel

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 14/07/2016 às 18:25
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Frederic J. BROWN
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da AFP

O sucesso inesperado e esmagador do aplicativo móvel do Pokémon Go poderá dar à Nintendo o empurrão que precisava em sua ainda tímida estratégia para o mercado dos 'smartphones' e para ampliar seu público.

Desde seu lançamento na semana passada, o jogo Pokémon Go se transformou em um verdadeiro fenômeno social, com milhares de downloads no mundo todo, apesar de oficialmente só estar disponível em alguns países (Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Alemanha).

Nesse contexto de febre Pokémon, as ações da Nintendo na Bolsa de Tóquio dispararam mais 70% na última semana, apesar de o aplicativo não ter sido desenvolvido pela companhia japonesa, mas pelo estúdio Nantics, associado à empresa Pokémon Company, afiliada da Nintendo.

O Pokémon Go ainda não está foi oficialmente disponibilizado no arquipélago. No entanto, os jogadores do mundo inteiro decobriram que é possível baixá-lo criando uma conta na App Store americana para iPhone ou baixando o .APK (que permite a execução o programa) para o sistema Android. "A recente alta da ação da Nintendo parece excessiva, se se baseia unicamente nos supostos lucros que serão obtidos a partir do Pokémon Go, embora o jogo possa ter implicações para os títulos posteriores (da Nintendo) e para a indústria dos jogos móveis em seu conjunto", diz a nota do analista Junko Yamamura, da Nomura Securities.

Consequentemente, os lucros diretos para a companhia japonesa não são nem serão tão relevantes, dado que o grupo não está diretamente envolvido. "Os investidores esperam, no entanto, que o Pokémon Go abra um novo capítulo no crescimento futuro da Nintendo", explica Takashi Oba, agente da Okasan Securities em Tóquio.

O criador do Super Mario e do Donkey Kong, baseado em Quioto (oeste), lançou em março "Miitono", seu primeiro jogo móvel dentro do acordo de colaboração com o agregador de conteúdos para smartphones DeNA, uma espécie de rede social lúdica. Para 2017, a companhia prevê lançar outras quatro aplicações. "Os mercados acreditam que como o Pokémon Go é um grande sucesso, os jogos para smartphone diretamente concebidos pela Nintendo terão a mesma sorte", argumenta Eiji Maeda, analista da SMBC Nikko Securities.

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PEQUENOS PASSOS - A Nintendo mudou radicalmente sua estratégia de aposta exclusiva em seus consoles pouco antes do falecimento repentino de seu dono Satoru Iwata em julho de 2015. Reticente durante anos a se abrir aos jogos para dispositivos móveis, a companhia se rendeu, reconhecendo que "os tempos haviam mudado".

Isso foi feito em um momento em que os tempos de glória da Nintendo já tinha ficado para trás e que as vendas haviam despencado a um quarto do volume de seus melhores anos. Desde então, milhares de aplicativos lúdicos para smartphone muito baratos ou gratuitos inundaram o mercado, captando a atenção de 'gamers' e de simples jogadores ocasionais.

Apesar disso, a Nintendo continua insistindo que não pretende criar versões móveis idênticas a seus jogos de console, por considerar que as funcionalidades das máquinas continua, sendo superiores às dos smartphones. A companhia, contudo, que ver como isso se desenvolve após o enorme sucesso do Pokémon Go.

Nascidos há 20 anos, Pikachu e o resto dos mascotes virtuais que o acompanham são vistos com nostalgia por quem cresceu com esses personagem, e a possibilidade de tê-los de volta gratuitamente em seus smartphone gerou grande entusiasmo.