Hughes lança serviço de banda larga via satélite no Brasil

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 28/06/2016 às 17:47
P_hughes FOTO:

SÃO PAULO - Uma das maiores empresas de comunicação via satélite dos Estados Unidos estará entrando no mercado brasileiro a partir do dia 1º de julho. A Hughes apresentou hoje, em evento em São Paulo, a HughesNet, serviço de banda larga via satélite que chega para atender as regiões brasileiras que normalmente não são atendidas por meio fibra ótica e até mesmo 4G/3G. “Queremos ser a melhor opção para quem hoje tem pouquíssimas opções”, afirma o presidente da Hughes no Brasil, Rafael Guimarães.

O serviço vai operar na banda KA, faixa na qual os satélites de alta capacidade trabalham com um custo mais baixo. “As bandas C e KU são otimizadas para o broadcast de vídeo, são mais flexíveis mas possuem um custo por bit transmitido maior. A nossa tecnologia faz reuso da frequência e coloca mais potência no mesmo satélite, algo como cem vezes mais capacidade”, conta o executivo. Os planos da HughesNet variam entre 10 Mega e 20 Mega de velocidade, no plano residencial (a partir de R$ 249,90 mensais), e de 15 Mega a 25 Mega de velocidade, no plano empresarial (a partir de R$ 459,90 mensais). A tecnologia utiliza franquia de dados, que varia de acordo com o plano contratado. Caso o usuário alcance o limite, a velocidade é reduzida, porém a internet não é suprimida.

As operações começam em São Paulo e Minas Gerais, com Pernambuco entrando no cronograma já no fim do mês. “O Estado iria passar a ser atendido entre agosto e setembro”,  explica o diretor de Vendas e Marketing da empresa, Alceu Passos, “mas antecipamos pelas características de Pernambuco, sendo uma região de grandes startups e cabeças inovadoras. Queremos estar juntos, principalmente no interior, que tem um grande potencial de modernização”. A HughesNet cobrirá 80% do território nacional na primeira fase de implementação, chegando a mais de 4 mil municípios no primeiro ano de atuação. Até 2018, a companhia pretende ampliar o atendimento para 90% e, até 2020, passar a atuar em 100% do território nacional.

O público da HughesNet são residências e pequenas empresas que não são atendidas por empresas de banda larga fixa. “Nosso negócio é regionalizado, temos que ir atrás dos clientes que hoje não têm infraestrutura ou pagam ainda mais caro por ela. Muitas pessoas investem entre R$ 5 mil e R$ 10 mil pela instalação de uma torre de rádio, além de uma mensalidade de cerca de R$ 500 para ter 1 mbps a 5 mpbs. Muitos lugares nem isso têm”, afirma Passos. Os executivos da empresa não falaram em números de expectativa de clientes, mas contam que estão chegando no mercado depois de muito estudo. Uma pesquisa Ipsos encomendada pela Hughes junto ao público-alvo apontou que 54% dos acessos de internet nos locais onde a empresa vai operar são feitos por uma outra tecnologia inferior à que será oferecida. Além disso, 43% dos entrevistados afirmam não ter acesso à internet fixa e o principal motivo é que esse tipo de serviço não está disponível na localidade onde moram.

Antena da Hughes Antena da Hughes

De acordo com o presidente da Hughes Brasil, a empresa ainda está estudando um novo formato de assinatura, para quem quer conectar uma casa de praia ou no campo. “Não é justo o usuário pagar mais caro pela internet de um lugar que ele vai de vez em quando do que a conexão que ele usa todo dia, na cidade. Estamos avaliando como isso pode ser feito, se cobrando por tempo de uso ou por consumo de dados”, afirma. A instalação da internet é feita através da antena, que captura o sinal do satélite, que por sua vez é conectada via cabo ethernet à um modem/roteador fornecido pela empresa. “Estamos com uma promoção que dará, de graça, um roteador wi-fi. Os novos clientes terão, também, 30 dias para cancelar a banda larga da HughesNet sem pagar a mensalidade e multa de fidelidade, caso não estejam satisfeitos”, completa.

HERANÇA – Desde o começo do texto, você está lendo o nome Hughes e está achando familiar? Tem motivo: a empresa é a mesma criada pelo magnata americano Howard Hughes, retratado no filme O Aviador (2004) por Leonardo DiCaprio e dirigido por Martin Scorsese. O negócio começou como a Hughes AirCraft Company (HAC), que construia aviões comerciais e desenvolvia tecnologia militar como radares para aeronaves de combate, em 1932.

Na década de 1960 a companhia ingressou na área de telecomunicações, com o satélite Syncom. Hoje, a Hughes é uma subsidiária da Echostar, empresa com a 4ª maior frota comercial de satélites no mundo, e conta com mais de 20 mil links de 70 clientes nos Estados Unidos, além de mais de 1,3 milhões de assinantes de banda larga. “No Brasil, sempre fomos low profile – mas nosso CNPJ é de 1968”, conta Guimarães. Nessa época, a empresa vendeu os primeiros satélites para a Telebras, mas a partir da privatização na década de 1990, passou também a vender equipamentos e prestar serviços para outras empresas de telecom e bancos. “Se você já parou no meio da estrada, no interior do País, para sacar dinheiro num caixa eletrônico, é muito provável que tenha utilizado nosso serviço”, afirma o executivo.