Setor de TIC ainda incrédulo pós-pacote de medidas econômicas do governo federal

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 24/05/2016 às 20:15
Ítalo Nogueira - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
Ítalo Nogueira - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem FOTO: Ítalo Nogueira - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem

Confiança. Essa é a palavra-chave para que o setor de Tecnologia volte a crescer no País, na opinião dos empresários da área, frente aos anúncios feitos pela equipe econômica do presidente em exercício Michel Temer. Os executivos esperam que as medidas anunciadas para tentar recuperar os rumos da economia nacional tragam também credibilidade e os investidores, de volta – mesmo com a falta de sinais de que isso deve acontecer.

“Apesar de ser ainda muito cedo, não tivemos uma indicação positiva”, avalia o diretor de negócios da Bisa, Gerino Xavier. Para o executivo, o governo não passou a confiança de que o setor precisa para voltar aos eixos. “Mesmo com poucos dias, muitas decisões foram tomadas e revertidas por pressão. Esse cenário de incerteza prolonga a situação ruim”, completa.

Cláudio Marinho. Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem Cláudio Marinho. Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

Porém, pelo menos um ponto positivo já pode ser destacado do novo pacote de medidas do governo interino: o fato de que aumento de impostos só será feito “em último caso”. “A carga tributária do setor de TIC é altíssima, o que faz com que percamos competitividade. Só o fim da desoneração da folha de pagamento no ano passado pode ter custado mais de 4 mil empregos no Estado”, afirma Xavier.

Para o presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-PE), Ítalo Nogueira, a confiança só virá com uma sequência de anúncios e retorno positivo do mercado. “Mesmo que as mudanças façam efeito, não devemos ver crescimento até 2017. Muitos investidores estão guardando seu dinheiro esperando por uma melhora. Hoje, está tudo travado”, conta Nogueira.

O consultor da Porto Marinho, Cláudio Marinho, diz que na crise prefere “olhar para o futuro”. “O Brasil passa por dificuldades, mas o setor de TIC tem mais problemas ainda.” Na visão do consultor, enquanto estamos estagnados, o mundo passa por uma transformação digital na qual modelos de negócio estão sendo revistos. “Nos falta um verdadeiro planejamento estratégico de crescimento em tecnologia. A TIC no País só vai se desenvolver de fato quando pensarmos no longo prazo”, acredita Marinho.