Nem todo mundo está irado com o bloqueio do Whatsapp. Telegram comemora novos usuários

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 03/05/2016 às 11:36
telegram vs whatsapp FOTO:

Reprodução. Reprodução.

Tem gente adorando o bloqueio de 72h do WhatsApp determinado pela Justiça brasileira ontem. E não estamos falando da Vivo, cujo presidente Amos Genish já declarou que o aplicativo é “pirataria pura”. Mas sim do pessoal do Telegram, principal concorrente do mensageiro instantâneo.

Na última vez que o aplicativo foi bloqueado por aqui, em dezembro do ano passado, o rival ganhou mais de 5,7 milhões de usuários em 12 horas. Ontem, com uma perspectiva maior de suspensão do app mais popular, o Telegram chegou a apresentar problemas no envio de códigos de ativação para novos usuários no Brasil. Tudo por causa da procura.

Em mensagem publicada no Twitter, a empresa diz que o sistema de envios de SMS está sobrecarregado e pede que os novos usuários aguardem a mensagem.

A decisão da Justiça em relação ao WhatsApp se dá somente por sua popularidade (o app tem 1 bilhão de usuários, dos quais estão 100 milhões no Brasil). Seus principais concorrentes são o próprio Telegram e o Viber, que possuem quase as mesmas funcionalidades – além de recursos a mais.

Stickers do Telegram Stickers do Telegram

Uma dessas é a criptografia reforçada, que fez com que o Telegram ganhasse fama por ser usado pelos terroristas do Estado Islâmico.  No sistema, há a opção do chat secreto, que usa uma codificação nos dois pontos da conversa (recurso que o WhatsApp ganhou recentemente), assim, nem os criadores do app, segundo eles próprios, conseguem decifrar as conversas. Outra ferramenta são as mensagens que podem se auto destruir. O usuário escolhe um tempo, entre 5 segundos e um minuto, e depois a conversa se apaga sozinha.

Caso o receptor tire um “print” da tela para guardar a conversa, o usuário que a enviou é notificado. Fora a segurança reforçada, a interface e a lógica são muito parecidas com a do rival, com mensagens de voz e troca de fotos e vídeo.

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Outras opções de aplicativos são o Viber, que tem como principal vantagem a possibilidade de fazer chamadas de áudio e vídeo com qualidade de som HD, o próprio chat do Facebook, o Messenger, e o já tradicional Skype, da Microsoft.

As pessoas que dependem de mensagens instantâneas para trabalhar deram um jeito para não perder negócios. Distribuidor de comida Luiz Felipe Parente, dono da SOS Gourmeteria, conseguiu honrar todas as entregas graças ao Telegram. “Da outra vez que teve o bloqueio a gente já montou um esquema especial e deu super certo. No lugar do WhatsApp, fomos fazendo os pedidos via Instagram, Telegram, direct e telefone. Como os clientes são sempre os mesmos, a gente entrava em contato direto pra não perder as vendas”, lembra o empresário, que repetiu a estratégia ontem. “Vamos fazer da mesma forma para não prejudicar o movimento”, completa.

Empresa que vende comida via WhatsApp conseguiu driblar bloqueio com o Telegram - Foto: SÉRGIO BERNARDO/JC IMAGEM Empresa que vende comida via WhatsApp conseguiu driblar bloqueio com o Telegram - Foto: SÉRGIO BERNARDO/JC IMAGEM

O bloqueio do WhatsApp teve início às 14h de ontem, por determinação judicial. A decisão é do juiz Marcel Montalvão, da comarca de Lagarto (SE). O processo é o mesmo que justificou, em março, a prisão de Diego Dzodan, vice-presidente do Facebook, empresa dona do app, para a América Latina.

O magistrado quer que a companhia repasse informações sobre uma quadrilha interestadual de drogas para uma investigação da Polícia Federal, o que a companhia se nega a fazer. Em dezembro do ano passado, uma decisão da 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo pediu o bloqueio do WhatsApp no país por 48 hora. A medida, no entanto, vigorou por cerca de 12 horas.

O presidente da Anatel, João Rezende, afirmou ontem que “o bloqueio foi uma decisão desproporcional porque acaba punindo todos os usuários”. O WhatsApp está recorrendo. Até o fechamento desta edição, a liminar ainda vigorava.