Provedores locais são alternativa para limitação de dados em banda larga fixa

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 20/04/2016 às 7:54
Aresk Melo. diretor da Surfix - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
Aresk Melo. diretor da Surfix - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem FOTO: Aresk Melo. diretor da Surfix - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem

Aresk Melo. diretor da Surfix - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem Aresk Melo. diretor da Surfix - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem

A adoção do modelo de franquias com consumo de dados limitados pelas operadoras de banda larga fixa é, no ponto de vista do consumidor, um retrocesso tão grande que nos fará voltar no tempo.

Você lembra do final dos anos 1990, começo da popularização da internet no Brasil, quando era comum usarmos os serviços de empresas locais para a conexão, como Elógica, HotLink e Apartnet? Pois graças à insatisfação dos clientes com os grandes players do mercado, esse cenário está voltando.

“Este debate está sendo extremamente benéfico para mim. A procura por usuários tem aumentado bastante desde a semana passada”, conta o diretor executivo da Surfix, Aresk Melo. A empresa é uma provedora de internet de banda larga corporativa, mas possui um braço, a NetPE, que fornece o serviço para condomínios. A companhia fechou o primeiro trimestre de 2016 com um crescimento de 33,5% em relação ao mesmo período de 2015. “Não pretendemos praticar a limitação”, garante o empresário. 

Além do aumento na procura pelos provedores locais, Melo vê outra vantagem na adoção da limitação. “Nas periferias, principalmente, vemos muitas conexões clandestinas, chamadas ‘gatonet’, em que pessoas contratam um serviço de alta velocidade e revendem para outras pessoas de forma compartilhada. Com a limitação, essas pessoas terão que entrar na linha”, avalia.

Outro provedor local, a NetPrimus, também está se preparando para receber mais clientes. “As pessoas ligam para cá querendo mais informações, estão mais interessadas”, conta o diretor, Márcio Falcão. A empresa possui clientes pessoas físicas em toda a Região Metropolitana do Recife. “Nem todos os bairros podem ser atendidos, por questões técnicas. Mas à medida que a demanda aumenta, os investimentos vão ao lado”, conta Falcão.

Paradoxalmente, um dos pioneiros na internet no Recife, a HotLink, está deixando de atender o usuário final para fornecer o serviço somente para empresas. O diretor-técnico Gustavo Pinheiro faz coro às declarações do presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende, que disse que os usuários ficaram “mal acostumados”. “É culpa das próprias empresas, que criaram uma ilusão. Um link de internet é caro, comprado em dólar e calculado em cima de uma expectativa média de consumo do cliente. Na medida em que as pessoas forem utilizando mais e mais dados, as empresas não têm como manter a franquia ilimitada no mesmo valor”, explica.

Para Pinheiro, esse cenário era previsível. “Os provedores de conteúdo, como Netflix e Youtube, não se preocupam com a infraestrutura da rede, só com a qualidade do seu produto. Aí quem paga o pato são os provedores de rede, que têm que aguentar o tráfego”, completa.