FBI desbloqueia iPhone de terrorista e encerra disputa judicial com a Apple

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 29/03/2016 às 16:07
Foto: AFP/Jewel Samad
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da AFP

O FBI anunciou que conseguiu desbloquear o iPhone de um dos autores da tragédia de San Bernardino, na Califórnia, motivo pelo qual pediu à Justiça americana que anulasse a ordem contra a Apple após semanas de conflito.

"Nossa decisão de pôr fim ao litígio está baseada no único fato de que, com a assistência de uma terceira parte, fomos capazes de desbloquear o iPhone sem comprometer a informação que contém o telefone", explicou a procuradora Eileen Decker.

Há uma semana, o governo americano pediu o cancelamento de uma audiência com a Apple, na Justiça de Riverside, ao leste de Los Angeles, alegando que um terceiro ator teria mostrado ao FBI uma maneira de entrar no telefone de Syed Farook. A pessoa em questão pediu tempo para "garantir" que o sistema não destruiria os dados do aparelho.

"Embora tenhamos conseguido dar este passo na investigação" sem a Apple, afirmou Decker, "continuaremos explorando cada caminho e indagando cada processo legal para assegurar que nossa investigação reúne todas as evidências relacionadas com este ataque terrorista".

A Polícia Federal americana (FBI) não revelou quem ajudou a corporação a invadir o aparelho, mas vários jornais americanos dizem se tratar de uma empresa israelense.

Em 2 de dezembro do ano passado, Farook e sua mulher, Tashfeen Malik, mataram 14 pessoas e feriram dezenas em San Bernardino, o pior atentado sofrido pelos Estados Unidos desde o 11 de Setembro.

Desde o início, o FBI garantiu que o telefone celular de Farook podia conter informações-chave para entender os motivos do ataque. Nesse sentido, pediu a ajuda da Apple. A empresa se negou a criar um software especial, afirmando que esse fato criaria um perigoso antecedente e poderia colocar em xeque a privacidade dos usuários.

"Precisamos decidir, como nação, quanto poder o governo deve ter sobre nossos dados e nossa privacidade", disse na última segunda-feira o diretor-geral da companhia, Tim Cook. Outras empresas tecnológicas do Vale do Silício, como Google, Facebook e Yahoo!, apoiaram a decisão da Apple de não colaborar. A decisão das autoridades americanas de anular a audiência da semana passada foi aplaudida pelo setor tecnológico como uma vitória para a Apple.