Conheça Trajes Fatais, o jogo de luta mais nordestino da Steam

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 25/03/2016 às 0:27
Trajes Fatais_Shot600 FOTO:

Trajes Fatais_600

Os usuários da plataforma online de games Steam já podem baixar a versão beta do jogo de luta Trajes Fatais, um game que imita o estilo de clássicos como The King of Fighters, mas com a temática de uma festa a fantasia, onde os lutadores são os convidados. Mas, espera um pouco... Um desses lutadores é um cangaceiro? E atende pelo nome de Lourenço? Claro, pois a Onanim, desenvolvedora do jogo, não só é uma empresa brasileira, como é nordestina, do Ceará.

https://www.youtube.com/watch?v=mWM7hmcecJQ

De acordo com o programador Emir Lima, Trajes Fatais é quase tão antigo quanto a empresa em si, e começou num grupo de discussão sobre criação de jogos na Escola Técnica de Fortaleza. “Em meados de 2009, Onofre Paiva – criador, game designer, compositor e animador dos personagens - formou o GameTA (Games, Tecnlogia e Arte), que se reunia aos sábados. Grande parte da Onanim se conheceu no GameTA e essa equipe apresentava muitas paixões em comum, como jogos de luta, pixel art e animação”, lembra Emir.

O projeto foi lentamente incubado até 2014, quando foi lançada a primeira versão jogável do Trajes Fatais e os amigos começaram a promover o selo de Onanim (que é a sigla de Onofre’s animation, “já que os jogos no geral levam a animação feita por seu fundador”, explica o programador). A Onanim ainda não é uma empresa formal com uma sede e horário de trabalho comercial. “Continuamos a desenvolver o jogo em nosso tempo livre, cada um de sua casa”, completa. Não é muito longe das origens dessa paixão, que começou no Mugen, uma plataforma aberta para criação de jogos de luta, popular na internet dos anos 1990 e 2000. “A Lucy Fernandez, personagem do Trajes Fatais, foi criada para Mugen por Onofre e venceu o prêmio de melhor personagem do mundo em 2007, num site especializado chinês”, conta Emir.

Trajes Fatais_Shot600

Um dos diferenciais de Trajes Fatais é seu sistema de controles. Golpes especiais podem ser feitos com comandos simples no teclado ou gamepad, o que torna a estratégia como ponto mais forte, ao invés do conhecimento dos golpes. “Grande parte dessa jogabilidade foi idealizada bem no início, lá em 2009, e pretendia resultar em um jogo de luta com facilidade de aprendizado, mas com bastante coisa a aprender e treinar. Além da possibilidade de improvisar combos sem ter que decorar longas sequências pré-definidas no modo treino”, explica o programador. Como o equilíbrio entre os personagens é uma preocupação para os desenvolvedores, o balanceamento é essencial. “Cada aspecto de jogabilidade tem sido pensado para ficar em harmonia com esse preceito”, completa.

O objetivo da Onanim é levar Trajes Fatais para o cenário competitivo de eSports brasileiro – e quem sabe, internacional. “Os eSports têm sido uma grande revolução no mundo do entretenimento e seu crescimento no Brasil nos mostra que é possível participarmos deste movimento. Acreditamos que para um jogo crescer requer diversão, balanceamento, acessibilidade e uma comunidade colaborativa e o Trajes Fatais tem potencial para tudo isso. Não queremos só lançar o jogo no mercado e pular para um próximo projeto. Vamos cuidar da manutenção do jogo ativamente, com mobilização da comunidade e atualizações frequentes do jogo para manter sempre seu balanceamento e diversão”, garante Emir.

https://www.youtube.com/watch?v=0c3rQnBhAQ4

Mas e o Lourenço? De onde veio? O programador explica: bem, somos nordestinos. Quando se fala em festa a fantasia aqui em Fortaleza é bem natural pensar em um cangaceiro no meio das opções de fantasias. Não foi uma decisão meticulosamente tomada, mas bem intuitiva. Nossa maior preocupação era de como apresentar tal personagem para o resto do Brasil e para o mundo sem causar tanta estranheza”.

Pensando na internacionalização do jogo, os criadores colocaram no cangaceiro algumas características que poderiam ser reconhecidas por outras culturas, como cowboy e ninja. “A gente nem estava pensando tanto em ter o jogo sendo usado para representar exclusivamente a cultura brasileira, mas com a grande receptividade que o personagem teve e com o clamor dos fãs por mais personagens representando suas regiões, começamos a estudar como explorar mais esse assunto no jogo”, afirma Emir.