App pernambucano que ajuda jovens com paralisia cerebral é destaque no Google I/O

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 28/05/2015 às 15:22

Foto: Inaldo Lins/PCR.O estudante Jhonatan se comunica com o Livox. Foto: Inaldo Lins/PCR.

Jhonatan Lins, de 17 anos, aluno do 5º ano da Escola Municipal do Engenho do Meio, no Recife, é um desses casos em que nos orgulhamos do poder transformar da tecnologia. Ele tem paralisia cerebral e se comunica através do aplicativo Livox, criado em Pernambuco. O desenvolvedor do software, Carlos Pereira, foi um dos convidados para o Google I/O, conferência anual do Google voltada ao desenvolvimento de aplicações.

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O aplicativo, disponível para Android, permite que pessoas com deficiências motoras, cognitivas e visuais consigam se comunicar com maior facilidade através de tablets. O software tem catálogos de palavras e imagens que são reproduzidas em áudio quando são selecionadas ou digitadas. Os usuários podem relatar emoções, indicar que querem comer, selecionar desenhos, filmes, jogos e músicas. Premiada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a ferramenta também facilita a alfabetização e o estudo de conceitos de disciplinas como a matemática.

O segredo do Livox é que ele usa algoritmos inteligentes que se ajustam à deficiência de quem o utiliza e corrige até mesmo os toques imprecisos das pessoas com deficiências.

O software surgiu da necessidade de Carlos se comunicar melhor com a filha, Clara Costa Pereira, 7 anos, que também tem paralisia cerebral. O aplicativo é usado na Escola Engenho do Meio de forma piloto. A Secretaria de Educação do Recife adquiriu cinco mil licenças do Livox para usar com alunos da Educação Especial e da Educação Infantil em 2016. "Percebemos que a ferramenta também pode auxiliar a alfabetização dos estudantes que não têm deficiência, pois as imagens usadas no software se parecem muito com os cartões gráficos que os professores costumam utilizar em sala de aula para que os alunos associem as figuras às palavras, por exemplo", explica Francisco Luiz dos Santos, secretário-executivo de Tecnologia na Educação da Secretaria de Educação do Recife.

Estudante teve melhoria no aprendizado depois que passou a usar o app. (Divulgação). Estudante teve melhoria no aprendizado depois que passou a usar o app. (Divulgação).

O vídeo exibido no evento do Google, traz o momento em que Jhonatan conheceu Carlos na escola, no dia 12 de maio. Na ocasião, o jovem pediu pra dar um abraço em Carlos e lhe agradeceu pelo aplicativo. Através de perguntas cujas respostas eram sim ou não disponibilizadas no Livox, Jhonatan contou que ficou muito feliz depois que começou a usar o software e disse que outras crianças que não conseguem se comunicar também devem usá-lo. O estudante não fala, mas entende o que escuta e também compreende a Língua Brasileira de Sinais (Libras). As pessoas fazem a pergunta e Jhonatan responde com o aplicativo, que exibe figuras e algumas palavras básicas. Ele também está aprendendo a escrever.

Atualmente, cerca de dez mil pessoas utilizam a ferramenta, que está disponível em 25 idiomas. Criado em 2011, o aplicativo funciona apenas em tablets Android, mas, em breve, deve se tornar compatível com Windows e iOS (iPad).

https://twitter.com/carlosepereira/status/603963047347036160