Campus Party Brasil: Como a Visualização de Dados pode ajudar o Brasil

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 09/02/2015 às 12:09

O designer pernambucano Rodrigo Medeiros foi um dos palestrantes. (Divulgação). O designer pernambucano Rodrigo Medeiros foi um dos palestrantes. (Divulgação).

Por Rodrigo Medeiros

Especial para o MundoBit

SÃO PAULO - Durante a oitava edição, que aconteceu entre os dias 03 e 08 de fevereiro, na São Paulo Expo (Imigrantes), a Campus Party Brasil trouxe uma novidade com a curadoria específica sobre visualização de informação, comandada pelo designer pernambucano Rodrigo Medeiros e que contou com quatro palestras durante o evento. Pedi a Rodrigo para escrever um resumo das discussões sobre o tema que rolaram no evento.

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É possível falar sobre Visualização de Dados em um evento no Brasil sem se restringir a responder à questão: O que é Visualização de Dados? Este foi o desafio da primeira palestra que abordou o tema. Na palestra Visualização de informações em interfaces cartográficas e físicas: Quais os avanços da área por pesquisadores brasileiros?, que aconteceu na manhã desta quinta-feira, dia 4, eu e Júlia Giannella buscamos lançar uma reflexão sobre os potenciais usos que as visualizações físicas e cartográficas proporcionam à comunidade científica, às autoridades públicas e aos cidadãos.

Na primeira parte da palestra, introduzi brevemente o tema da Visualização de Dados e, em seguida, dois projetos de visualização em interfaces físicas nos quais colaboro como pesquisador. O primeiro projeto se chama Warning – Real Time Global Air Quality Display e visualiza em tempo real informações sobre qualidade do ar em trinta cidades no mundo. O segundo projeto é o Forage Tracking, uma cooperação internacional entre Fundação Joaquim Nabuco (FUNDAJ) e o Massachusetts Institute of Technology. O Forage Tracking desenvolve visualizações de informação sobre resíduos eletroeletrônicos nos Estados Unidos e no Brasil, com foco na rastreabilidade e no controle de massa nas cooperativas de catadores de resíduo. Este iniciativa também gerou um e-book chamado Gestão de Resíduos Eletroeletrônicos na Região Metropolitana do Recife já disponibilizado para download gratuitamente.

Na segunda parte da palestra, Júlia Giannella falou sobre sua pesquisa de Doutorado que aborda a visualização cartográfica como tecnologia social para representação e compreensão de espaços e fenômenos urbanos. A designer e pesquisadora apontou e comentou três aspectos que considera avanços para pesquisa e prática de interfaces cartográficas que são: 1) Multidimensionalidade; 2) Sensores e 3) Colaboração. Sobre este último aspecto, colaboração, foram apresentados projetos de interfaces cartográficas como o Olhos da Cidade que demonstram um esforço coletivo e cívico para denunciar problemas das cidades e articular novas políticas públicas.

Na segunda palestra, também no dia 5, o designer pernambucano Flavio Pessoa, que atualmente trabalha na revista Superinteressante, contou um pouco da trajetória e o desenvolvimento das visualizações de dados na revista na palestra "O que fazer quando você não sabe o que fazer com dataviz". Sua apresentação mostrou como, em geral, ao trabalhar com dados e informações os designers já têm algumas escolhas e ideias preestabelecidas de como fazer a infografia e como é difícil mudar esse hábito e experiência no dia a dia de trabalho. Finalizou sua apresentação mostrando como dividir em partes às informações necessárias para os usuários / leitores e contou o processo de storytelling (contação de história) de alguns cases da revista.

https://www.youtube.com/watch?v=yP_UyE7C90c&feature=youtu.be

Em um mundo sobrecarregado de informação, os sistemas de informação ambiente aparecem como uma alternativa para disponibilizar e transmitir informações aos usuários de modo não invasivo e integrado ao ambiente de uso. Este foi o mote da terceira palestra da seção de Visualização de Dados da Campus Party Brasil comandada pelo professor e pesquisador Mauro Pinheiro na manhã desta sexta-feira, dia 6.

Mauro apresentou e comentou projetos de objetos conectados à internet como The Ambient Umbrella, que consiste em um guarda-chuva que recebe dados meteorológicos e comunica ao usuário informações sobre previsão de chuva e tempestade por meio de um sistema de iluminação. Sistemas de informação ambiente como este se integram naturalmente ao espaço e visualizam dados físicos sem demandar aos usuários muito esforço cognitivo.

https://www.youtube.com/watch?v=2__jbHFkDi8&feature=youtu.be

Na última parte da palestra, Mauro lançou uma reflexão sobre a possibilidade de sistemas de informação ambiente serem utilizados no espaço urbano, possibilitando a leitura da cidade simultaneamente à fruição da urbe, sem interrupção das atividades cotidianas.

Para fechar a trilha de visualização de informações do evento na manhã do sábado, dia 7, os professores Doris Kosminsky e Claudio Esperança da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tentaram delinear os papéis complementares do Design e da Computação Gráfica na construção de visualizações de dados. Eles mostraram como as habilidades tanto de designers como de programadores devem ser combinadas para a obtenção de visualizações efetivas e esteticamente bem planejadas e contaram um pouco da história de parceria e adaptação dos regimes de trabalho para a realização de projetos de visualização de dados no âmbito da Universidade. Contaram também como resolveram um problema real do mercado para o IBD – Inter-American Development Bank, um banco parecido com o nosso BNDES mas para a toda América Latina. Nesse case, eles trabalharam no Energy Innovation Center, um grupo atuante sobre energia em todos os países latino-americanos, no desenvolvimento de visualizações a respeito das fontes e fluxos de energia nestas localidades.

https://www.youtube.com/watch?v=sw6daYDJtKo&feature=youtu.be

https://www.youtube.com/watch?v=QtBfcEQWkhw&feature=youtu.be

Colaborou Julia Giannella.

* Rodrigo Medeiros é designer de interação e trabalha em projetos interativos e pesquisas com usuários para novas mídias, sistemas e experiências. Doutorando em Ciência da Computação pela UFPE, co-fundador do Espaço Nabuco e BRU! Studio Maker e professor do Curso Superior em Tecnologia em Design Gráfico do IFPB. Nos últimos anos tem atuado como pesquisador no grupo de pesquisa MusTIC (UFPE/UFRPE) e no projeto Inovação e Sustentabilidade na Gestão de Resíduos: Perspectivas da Aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos na Região Metropolitana do Recife coordenado pela Fundação Joaquim Nabuco com cooperação internacional do Massachusetts Institute of Technology (MIT) financiado pela FACEPE.