Idosos são o grupo que mais cresce em acesso à web e às redes sociais

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 01/10/2014 às 12:36

Presença online dos idosos é a que mais cresce. (Foto: Getty Images). Presença online dos idosos é a que mais cresce. (Foto: Getty Images).

A presença do idoso nas redes sociais é sempre visto com simpatia, com aquele olhar afetuoso e "fofinho", como se fosse algo fora do comum. No entanto, pesquisas mostram que pessoas maiores de 65 anos estão aumentando sua presença online, com motivações e necessidades diversas. No Facebook e Twitter, eles são o grupo que mais cresce, segundo um levantamento do Centro de Pesquisas Pew, nos EUA, divulgado este ano. Nesta quarta (1º) é comemorado o dia do idoso no Brasil.

LEIA MAIS

Enem tem 15,5 mil idosos

Idosos gostariam de seguir na ativa

Segundo o Pew, o crescimento nos EUA foi de 10%, o que já alcança 45% do total de internautas a partir desta idade. Em um contraponto, o número de usuários entre 18 e 29 anos caiu 2%, apesar de ainda serem maioria (84% em 2013). No Brasil, o número de pessoas mais velhas com acesso à web teve um aumento histórico. De 2005 a 2011 o número de pessoas com mais de 50 anos que se conectam com frequência aumentou em 222,3% segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar de ser a faixa da população que menos acessa a internet em números absolutos, os mais velhos representaram o maior crescimento. Para o técnico do IBGE, Cimar Azeredo, essa maior presença online representa mais autonomia para o idoso, que pode cuidar de burocracias próprios da idade sozinhos, como contas de banco e imposto de renda.

Uso da web também melhora a saúde dos idosos. (Foto: Reprodução/CoisadeVelho.com.br). Uso da web também melhora a saúde dos idosos. (Foto: Reprodução/CoisadeVelho.com.br).

Existem hoje 26,3 milhões de idosos no Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse número representa 13% da população. A expectativa é que esse percentual chegue a 34% em 2060, segundo previsão do próprio IBGE. É um contingente que não se vê mais alheio às mudanças sociais e tecnológicas.

A médica Luzia Costa Chaves, de 64 anos, é usuária ativa da web, com presença em redes sociais como Facebook, Foursquare. Usa o Skype para falar com o filho que mora longe e possui grupos no Whatsapp com membros da família. "Ajuda bastante nos contatos com parentes e amigos, além de pesquisas de trabalho. Uso diariamente o Whatsapp e email." Ao lado do marido, também aproveita a internet para comprar passagens, reservar hotéis e fazer check-ins. Tudo sozinhos.

Uma pesquisa do Instituto Superior de Ciências Educativos apresentado no 2º Congresso Internacional TIC e Educação mostrou a importância do uso de computadores por idosos. "Este estudo permitiu ainda reforçar a ideia de que o uso do computador pode traduzir-se numa alternativa ao nível dos relacionamentos e do entretenimento, oferecendo também ao idoso maior integração social e apoio em vários serviços", disse a autora do estudo, Rita Brito. "A idade não foi justificativa para a exclusão do mundo digital, muito pelo contrário, foi e deverá ser considerada uma motivação acrescida, no sentido de se desenvolverem iniciativas para que os idosos possam viver com mais qualidade de vida com o passar do tempo."

Em fevereiro deste ano outro estudo, desta vez da Universidade do Arizona, mostrou que pessoas acima de 65 anos que usam o Facebook tem um desempenho cognitivo 25% superior em tarefas de monitoramento constante, memória de trabalho e rapidez em adicionar ou apagar conteúdo. Segundo Janelle Wohltmann, pesquisadora-chefe da pesquisa, a rede social melhorou os níveis de concentração e processamento de informações dos idosos.