100 anos da 1ª Guerra Mundial: legado tecnológico inclui raio-x, absorventes e cirurgia plástica

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 04/08/2014 às 14:02

Mulher usa máscara contra gripe em 1919, um dos legados da Primeira Guerra. (Wikimedia Commons). Mulher usa máscara contra gripe em 1919, um dos legados da Primeira Guerra. (Wikimedia Commons).

As guerras sempre foram um impulso para o avanço da tecnologia, o que é um contraste com a tragédia humana e social que causam. Não foi diferente com a Primeira Guerra Mundial, que completa 100 anos esta semana. O conflito trouxe mudanças para a indústria automotiva, medicamentos, aviação e foi responsável pela invenção do absorvente feminino.

O conflito aconteceu em decorrência de um intrincado jogo de alianças na Europa pós-Revolução Industrial. O estopim foi o assassinato do arquiduque da Áustria Franz Ferdinand no dia 28 de julho de 1914. A guerra envolveu países dos cinco continentes e terminou apenas em 1918, criando as bases para a Segunda Guerra Mundial, em 1933. Cerca de 9 milhões de pessoas morreram e outras 21 milhões ficaram feridos

Como legado tecnológico, a Primeira Guerra ficou conhecida pela motorização. Foi a primeira vez que os campos de batalha não contaram com cavalos e sim com carros, uma inovação bem recente. Nas incursões aéreas, os combates aconteceram com versões melhoradas dos protótipos de aviões criados pelos irmãos Wright em 1903 e pelo brasileiro Santos Dumont, em 1906. Nações como Alemanha até utilizaram os famosos dirigíveis como os zepelins, mas abandonaram a ideia com a possibilidade de instalar metralhadoras e outras armas nos modelos mais recentes de aeronaves.

Houve ainda o desenvolvimento da criptografia, submarinos e claro, armamentos, que ficaram mais portáteis e leves. Veja abaixo alguns dos legados da Primeira Guerra e como ainda repercutem entre nós.

Foto: Getty Images. Foto: Getty Images.

Nos campos de batalha

Conhecida também como Guerra de Trincheiras, a Primeira Guerra forçou o desenvolvimento de armamentos mais eficazes para combate à distância, como armas leves e rápidas e também tanques. Mas trouxe também o uso cruel das bombas de gás, iniciado pelos alemães com o uso de cloro. No famoso ensaio "To End All Wars", Adam Hochschild lembrou que o invenção do arame farpado a invenção mais letal do período, gerando as imagens tristes que entraram para a história como cenário mais comum dessa guerra.

Foto: Getty Images. Foto: Getty Images.

Cirurgias plásticas e bancos de sangue

As cirurgias modernas tiveram início na Primeira Guerra Mundial. Por causa dos veteranos mutilados, a medicina desenvolveu novas técnicas com o enorme contingente de soldados que voltavam das batalhas. Como batizou o coronel francês, esses homens ficaram conhecidos como "brokens faces" (rostos quebrados). A primeira organização de cirurgiões foi criado logo após o fim da guerra, em 1921. E o que dizer dos bancos de sangue? Segundo reportagem do The Guardian, os médicos comaçaram a usar sangue preservado no tratamento de feridos, levando a pesquisas sobre grupos sanguíneos.

Foto: Reprodução/Tranquilhouse.com. Foto: Reprodução/Tranquilhouse.com.

Absorventes femininos

As enfermeiras norte-americanas que atuavam no conflito encontraram uma solução mais eficiente do que os discos de algodão reutilizáveis usados na época no tratamento de ferimentos. Elas passaram a utilizar ataduras descartáveis à base de celulose, o que levou a fabricante Kimberly-Clark a desenvolver uma versão do produto para civis e mais tarde, para mulheres, já como os modernos absorventes.

Foto: Reprodução/NationalGeographic.com. Foto: Reprodução/NationalGeographic.com.

Controle de tráfego aéreo

Foi em 1917 que um operador humano no solo falou com um piloto no ar pela primeira vez. Um pouco antes, técnicas de rádio-transmissor passaram a ser usados na frota aérea de combate. Ainda na Primeira Guerra, os pilotos passaram a trocar informações entre si enquanto estavam voando. Com o fim da guerra, EUA e Inglaterra passaram a desenvolver os sistemas modernos que conhecemos hoje de controle de tráfego.

Foto: Wikimedia Commons. Foto: Wikimedia Commons.

Raios-X

A prestigiada cientista Marie Curie trabalhou na criação da estação de raio-x portátil para ser usado pelos militares franceses. Até então, o equipamento era enorme e impossível de ser transportado. Com os diversos feridos vindo das trincheiras, foi necessário o investimento em novas técnicas para conseguir o maior número de vidas possível. Em 1919, o norte-americano Frederik Jones desenvolveu um modelo ainda mais portátil, que serviu de base para as versões modernas do aparelho.

Foto: Wikimedia Commons. Foto: Wikimedia Commons.

Máscaras de gás

O uso de bombas de gás a partir de 1915 foi um dos legados mais cruéis da Primeira Guerra Mundial. Mas por outro lado o conflito também forçou o desenvolvimento das máscaras de gás, que até hoje seguem produzidas de maneira quase igual àqueles primeiros modelos. Outras máscaras, como a que protege contra gripes, surgiram como derivações.

Lâmina de barbear

A empresa norte-americana Gillette patenteou a lâmina dupla em 1904, mas se popularizou apenas após o suplimento para soldados no fronte na Primeira Guerra Mundial.

Via TheGuardian, ElectronicProducts.com, MentalFloss, eHow, IbTimes, CanalHistory.