Redes sociais ajudam a popularizar a literatura

Romeu Leite Coutinho
Romeu Leite Coutinho
Publicado em 31/07/2014 às 10:12

(Foto: Reprodução/Facebook) Clarice, Caio Fernando Abreu, Drummond e Machado são alguns dos autores citados no estudo de Fábio Malini. (Foto: Reprodução/Facebook)

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Clarice Lispector (1920-1977) mobiliza 743 mil pessoas no Facebook. Caio Fernando Abreu (1948-1996), 373 mil. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), 108 mil. Machado de Assis (1839-1908) tem 38 mil seguidores e Paulo Leminski (1944-1989), 32 mil.

Eles são alguns dos autores citados por Fabio Malini, coordenador do Laboratório de Pesquisas sobre Imagem e Cibercultura, da Universidade Federal do Espírito Santo, na pesquisa Literatura, Twitter e Facebook: A Economia dos Likes e dos Rts dos Usuários de Literatura Brasileira nas Redes Sociais.

Parte de seu conteúdo foi apresentada em encontro do Itaú Cultural, realizado nessa quarta-feira, 30, em Paraty, antes da abertura da Flip, e está disponível na versão digital da revista Observatório, lançada agora.

“A pesquisa tenta mapear como os usuários interagem e o que eles valorizam numa fanpage. Uma das constatações é a de que não falamos mais de uma ideia de fã, mas da ideia do amigo, do parceiro, aquele que atua na mobilização de determinado tipo de trabalho”, disse o pesquisador ao jornal O Estado de S.Paulo. E completou: “Para os autores mortos, eles têm um papel de reavivar um certo tipo de leitura que até então não se tinha.”

Para o estudo, Malini coletou mais de 300 mil tweets com as palavras literatura e livro e analisou as páginas (com os posts e os comentários) de cinco escritores no Facebook - os já citados Clarice, Caio, Machado e Leminski e, separadamente, a musa teen Thalita Rebouças (1974), que tem 320 mil seguidores no Facebook e está fazendo direitinho a lição de conversar com suas leitoras amigas.

Seu primeiro post, de abril de 2012, teve quatro comentários; em janeiro, ela obteve mais de 3 mil comentários numa publicação. Segundo a pesquisa, os posts que repercutem mais são os que mobilizam os fãs em alguma causa e os que fazem propaganda de eventos, novos livros, etc. “Ela constrói cotidianamente uma espécie de Selfie narrativa - ela em primeiro plano e seu público amontoado em segundo plano”, comenta o Malini.

Outra constatação: o público feminino é o mais engajado e representa, por exemplo, 91% dos que “curtem” Clarice. A pesquisa identificou, ainda, que o volume de likes está associado a três estratégias. A primeira é usar citações que inspiram o estado de espírito do fã.

A segunda estratégia é compartilhar imagens virais criadas pelos próprios fãs, com uma frase do autor. E a última, gerar envolvimento dos usuários em campanhas sociais e políticas a partir da imagem do escritor. [Do Estadão Conteúdo]