Uso de drones nas passarelas causou polêmica no mundo da moda

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 21/02/2014 às 12:08

Foto: Divulgação. Foto: Divulgação.

O uso de pequenos aviões não-tripulados na Semana de Moda de Milão, pela primeira vez neste tipo de evento, divide o público das passarelas, surpreso com a nova tecnologia utilizada na moda.

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A iniciativa foi apresentada pela famosa marca Fendi, que usou três aeronaves pilotadas à distância - os chamados drones - nesta quinta-feira para filmar seu desfile de outono-inverno 2014-2015 em Milão. Os pequenos discos sobrevoavam a passarela, incomodando algumas pessoas da plateia, enquanto outroas elogiaram a inovação.

"Continuamos sendo um dos pioneiros e nos projetamos para o futuro", disse Pietro Beccari, presidente da Fendi, propriedade do grupo gigante de luxo francês LVMH. A atração pelas inovações tecnológicas no mundo da moda é, para alguns, uma nova maneira de observar as criações do célebre "Kaiser" da indústria, o estilista Karl Lagerfeld.

Foto: AFP. Foto: AFP.

As imagens gravadas pelos drones, disponibilizadas ao vivo no site da Fendi e nas redes sociais, permitiram a descoberta de um verdadeiro espetáculo. "Algo jamais visto antes", disse Beccari.

Fruto da pesquisa militar, a presença de drones consistiu curiosamente em entrar na atmosfera de guerra dos anos 40, inspiração da coleção dominada pelo verde militar, tons de camuflagem, botinas, trench coats e luvas. Os especialistas, entre eles a editora da Vogue Itália, Franca Sozzani, observaram os drones com um semblante desconcertante, até mesmo incômodo.

"É algo futurista. Espectacular!", comentou, por outro lado, a entusiasmada Yurata, jornalista da revista russa de moda InStyl. Completamente diferente foi a opinião de Kai Margrander, diretor artístico da edição alemã da revista Glamour, que se sentiu "perturbado" por esses "objetos voadores". "Sou alemão. Ver esses dispositivos me lembram o passado, o nazismo, os serviços secretos", disse em entrevista à AFP.

Max Mara, Cavalli e os estreantes

Pelas passarelas de Milão desfilaram também nesta quinta as marcas Max Mara, Just Cavalli e Prada. A italiana Max Mara se inspirou para o próximo inverno no clima de 'fog' inglês, com casacos amplos de linhas geométricas, capas e jaquetas com detalhes dourados que romperam com os marrons, ocres, verdes e mostarda comuns à maioria das passarelas dessa temporada.

A Florença renascentista visitada pela Just Cavalli, cheio de linhas similares aos mármores das estátuas e estampas florais de tapeçaria, se mistura em calças e looks de seda assimétricos. Enquanto as grandes marcas desfilavam, um grupo de 11 jovens estilistas de várias nacionalidades, escolhidos pela revista Vogue Itália, tentavam sair do anonimato.

Enquanto as grandes marcas desfilavam, um grupo de 11 jovens estilistas de várias nacionalidades, escolhidos pela revista Vogue Itália, tentavam sair do anonimato. "São todos desconhecidos", disse a diretora da revista, que contou com a ajuda de um patrocinador, um site de vendas de roupas.

A iniciativa foi apoiada pela nova presidente da Câmara de Moda Italiana, a inglesa Jane Reeve, disposta a abrir suas portas às novas gerações. Quatro estilistas, dos 65 que desfilaram, apresentaram suas coleções pela primeira vez em Milão, entre eles Martina Cella e Daniele Vigiani, formados no famoso Instituto Marangoni, da capital italiana da moda.

"Em dez anos, muitas coisas mudaram. Alguns dos que estrearam aqui chegaram muito longe", disse Franca Sozzani. [Da AFP]