Como o Twitter mudou o mundo

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 10/11/2013 às 10:02

Cartaz com logo do Twitter na entrada da bolsa de valores de Nova York (Foto: AFP) Cartaz com logo do Twitter na entrada da bolsa de valores de Nova York (Foto: AFP)

Sete anos após ser criada, a rede de microblogging Twitter abriu seu capital na bolsa de Nova York na última quinta-feira (07/11), sob forte demanda dos investidores por seus papéis. Comentamos aqui sobre o desempenho inicial das ações. Com preço inicial de US$ 26 (cerca de R$ 60), elas chegaram a ultrapassar a barreira dos US$ 50 (R$ 115), para depois se aproximar da casa dos US$ 45 (R$ 104), 73% a mais que o preço original das ações da IPO (sigla em inglês da "oferta pública inicial", quando os papéis de uma empresa passam a ser negociadas na bolsa pela primeira vez).

O Twitter tem hoje cerca de 550 milhões de usuários no mundo. Ainda que sua base de usuários seja menor do que a do Facebook (com cerca de 1 bilhão de cadastros), nenhuma outra rede social tem a mesma influência.

Uma das maiores convenções criadas por ela foi a difusão do uso do "jogo da velha" ou hashtag. Antes do Twitter, o símbolo # só era praticamente visto nos telefones para indicar um número. Agora, as hashtags são uma forma definitiva de agrupar tuítes de um mesmo assunto.

Leia abaixo uma compilação feita pela BBC de "como o Twitter mudou o mundo".

#Negócios

No passado, as reclamações eram escritas à caneta, seguindo uma cartilha comum: primeiro, o cliente enviava uma carta e tinha de esperar alguns dias por uma resposta. Frequentemente, no entanto, era ignorado pelo destinatário.

Hoje, no entanto, tudo é feito online – e uma das formas mais eficazes para cobrar das empresas uma solução rápida dos problemas é pelo Twitter. Com a capilaridade da rede, a chance de que uma mensagem se torne um viral preocupa as companhias, que temem o efeito disso sobre suas imagens.

Enquanto isso, nos mercados financeiros, muitos começaram a usar a mídia social para prever o futuro do valor de seus negócios. Ao analisar o firehose (isto é, a compilação de todos os tuítes enviados), os pesquisadores afirmam que podem fazer uma aposta sobre a performance das ações - às vezes com até seis dias de antecedência.

#Política

O Twitter também vem se consolidando como um palanque digital, no qual os políticos podem interagir diretamente com seus potenciais eleitores e fazer anúncios impactantes de suas ações.

As mídias sociais - não apenas Twitter – se tornaram instrumentos tão importantes para a política que, antes de sua reeleição, o presidente dos EUA, Barack Obama, contratou uma equipe de especialistas dedicados a analisar os tweets e atualizações de status em todos os Estados Unidos.

O Twitter, sozinho, não garante as eleições, mas, sem dúvida, é hoje uma das ferramentas mais poderosas durante campanhas eleitorais, principalmente por atingir eleitores que não assistem aos programas políticos nos meios tradicionais, como a TV ou o rádio.

Mas há espaço para o abuso. A tentação para que movimentos políticos paguem pessoas para apoiar uma causa na rede tende a aumentar à medida que as mídias sociais ganham mais força.

#Notícias

Não há como negar: o Twitter incorporou o senso de urgência do jornalismo. Os tuítes têm sido o ponto de partida para muitas notícias, especialmente aquelas sobre celebridades.

Nas redações de jornais, revistas e sites, um novo cargo surgiu à luz desse novo universo: o jornalista especializado em redes sociais. Cabe a ele filtrar as informações que circulam na rede, além de promover as notícias publicadas pelo veículo em que trabalha.

O verdadeiro desafio, claro, é ter certeza de que o tuíte publicado é verdadeiro – e os veículos de comunicação nem sempre checam corretamente as informações antes de publicá-las.

Um exemplo é o hábito do Twitter de “matar pessoas”. Hugh Hefner, Jon Bon Jovi e Morgan Freeman já foram “assassinados” pelos usuários da rede.

#Esporte

A rede aproximou ídolos antes inalcançáveis de seus fãs. Por outro lado, também fez parte deles cair em desgraça. Alguns foram multados por seus clubes ou associações de futebol por tuítes descuidados, como o do jogador inglês Wayne Rooney, que fez um comentário em alusão à Nike sem informar que se tratava de uma propaganda.

Inegavelmente, porém, a rede de microblog amplificou a torcida pelos atletas. Quando o tenista britânico Andy Murray venceu o torneio de Wimbledon, por exemplo, mais de 3,4 milhões de tuítes foram disparados nas 12 horas subsequentes.

#Celebridades

A rede aproximou ídolos antes inalcançáveis de seus fãs. Por outro lado, também fez parte deles cair em desgraça. Alguns foram multados por seus clubes ou associações de futebol por tuítes descuidados, como o do jogador inglês Wayne Rooney, que fez um comentário em alusão à Nike sem informar que se tratava de uma propaganda.

Inegavelmente, porém, o Twitter amplificou a torcida pelos atletas. Quando o tenista britânico Andy Murray venceu o torneio de Wimbledon neste ano, por exemplo, mais de 3,4 milhões de tuítes foram disparados nas 12 horas subsequentes.

Para essas estrelas do show business, no entanto, manter-se ativo na rede tem seu preço. Muitas delas são obrigadas a contratar equipes de assessores para tuitar em seu nome. Não raro, contudo, as celebridades dão declarações desastrosas e se tornam manchete dos tabloides de todo o mundo.

O comediante Jason Manford, por exemplo, renunciou ao cargo de coapresentador de um programa na TV britânica depois que usou a rede social para enviar mensagens privadas "inapropriadas" para fãs do sexo feminino.

#Ativismo

Desde 2012, Laura Bates, uma escritora feminista que vive em Londres, comanda no Twitter o projeto Everyday Sexism (“Sexismo de Todos os dias”, em tradução livre), com o objetivo de registrar casos de comportamento preconceituoso no dia a dia.

Seu movimento foi a força motriz por trás de uma campanha bem-sucedida que forçou o Facebook a remover perfis que faziam piadas sobre violência sexual. Foi pelo Twitter que os seguidores da conta de Laura eram capazes de atingir alguns dos maiores clientes de publicidade do Facebook, como Dove e American Express.

Outras campanhas têm sido travadas contra o cyberbullying, um problema recorrente para o Twitter. No início deste ano, várias personalidades femininas teriam recebido ameaças de morte por comentários na rede social.

O Twitter também se tornou um campo fértil para dar visibilidade a protestos. Durante a revolta egípcia que culminou com a queda do então presidente Hosni Mubarak em 2011, a rede social se tornou um canal para os manifestantes disseminarem material de campanha e organizar encontros.

Como se não bastasse, o site de microblogging também funciona como meio para denunciar casos de abuso policial, como nos recentes protestos ocorridos em cidades brasileiras. [Da BBC]