Sucesso de Jurassic Park em 3D traz um novo momento para os cinemas

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 24/08/2013 às 10:12

Para se transformar em 3D, diretor precisa refazer o filme frame a frame (Divulgação) Para se transformar em 3D, diretor precisa refazer o filme frame a frame (Divulgação)

Se estava em dúvida se valeria a pena assistir Jurassic Park 3D nos cinemas, corra enquanto ainda está em cartaz. A experiência nos faz refletir que o longa seria um clássico ainda maior do que já é se tivesse sido filmado em três dimensões originalmente.

Lançado originalmente em 1993, quando a globalização ainda não estava tão agressiva a ponto de ser permitido batizá-lo de O Parque dos Dinossauros, o filme foi um dos maiores sucessos do diretor Steven Spielberg. Agora, relançado em 3D, é um dos destaques da atual obsessão de Hollywood em recauchutar sucessos para o 3D. Em alguns casos, a experiência vai além de um mero exercício de nostalgia.

jurassic

É o caso de Jurassic Park. O longa mostra a experiência de cientistas que clonaram dinossauros a partir de material genético encontrado em insetos conservados em âmbar. Eles foram colocados como atração em um parque temático, mas todos sabemos que essa ideia não daria muito certo e logo os humanos estariam no perigo de virar comido dos bichos jurássicos. O 3D trouxe profundidade ao trabalho de Spielberg, que teve a ideia inteligente de utilizar muito material real em detrimento da computação gráfica única e totalmente (a tecnologia não estava tão avançada como hoje). Com seu retorno aos cinemas, a bilheteria do longa ultrapassou US$ 1 bilhão de dólares.

Outro longa que teve uma boa recepção em sua re-estreia em 3D foi Titanic, no ano passado. A impressão é que estávamos vendo um outro filme, sobretudo pela mistura de um som melhor em Dolby 5.1 e as cenas vertiginosas em 3D que casaram bem com a edição pensada por James Cameron, com cortes rápidos mesclados com longos planos.

Um tiranossauro pulando da tela: será que vale o preço? (Divulgação) Um tiranossauro pulando da tela: será que vale o preço? (Divulgação)

Como o 2D vira o 3D

Uma mesma empresa fez o processo de conversão do 2D para o 3D de Jurassic Park e Titanic, a Stereo D. Em entrevista ao Flavorwire, o diretor da companhia William Sherak disse que o trabalho é feito em parceria com o diretor original, que deve "repensar" seu próprio trabalho. Um dos primeiros processos é o chamado "mapa de profundidade". A equipe técnica identifica todos os elementos de um frame. O ideal, segundo Sherak, é que cada pedaço da cena tenha o mesmo tratamento, de uma simples cadeira a maçanetas de portas.

Depois que o mapa de profundidade é feito, o diretor, neste caso, Spielberg, precisa dar sua aprovação. É nessa hora em que são feitos ajustes, como aumentar a profundidade em determinado dinossauros, fazer um copo de água ganhar menos volume, aumentar um personagem. "Esta é a primeira vez em que ele vê seu filme em 3D". Depois que todos os frames foram trabalhados, e no caso de Jurassica Park, foram impressionantes 182.880 (!!), começa um processo de "limpeza".

jurassic4

É que o deslocamento da fotografia original em 2D deixa um espaço em branco na imagem, como um buraco na parede. O técnico precisa então preencher esse espaço com o fundo de outras partes do frame. E esse processo meticuloso muitas vezes gera algumas rasuras, manchas. E tudo precisa ser corrigido. Os mais puristas condenam a conversão e preferem ver filmes gravados diretamente com câmeras em 3D.

Apesar da empolgação dos estúdios, muitos críticos não enxergam com bons olhos esse retorno de clássicos aos cinemas, agora em formato 3D. Eliaz Rodriguez, do The Filmaker disse que assistir esses longas prejudica o mercado de novos filmes, que podem perder incentivo. "Não alimente essa ideia. Deixa a nostalgia em casa e apoie os novos filmes nos cinemas", escreveu. Já a The Film Critic disse em um editorial que uma nova geração de jovens que nunca tiveram a chance de assistir Jurassic Park em tela grande enfim terão a chance.

jurassic3

Filmes como Jurassic Park e Titanic estrearam em um circuito bem pequeno se comparado à sua estreia original anos atrás. É, de fato, pura nostalgia. Mas mostra que o cinema pode contar com um ativo que ainda lhe é exclusivo: vender a emoção de algo já conhecido e comprovado, agora em três dimensões. No caso de um filme novo é preciso um trabalho de convencimento bem maior. [Gifs via Tumblr, Buzzfeed]