Relator do Marco Civil quer evitar alterações na espinha dorsal do projeto

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 08/08/2013 às 11:33
Votação do Marco aconteceu nessa terça (Foto: Divulgação/MarcoCivil.Org)
Votação do Marco aconteceu nessa terça (Foto: Divulgação/MarcoCivil.Org) FOTO: Votação do Marco aconteceu nessa terça (Foto: Divulgação/MarcoCivil.Org)

Relator quer garantir temas importantes e evitar lobby de empresas (Foto: Divulgação) Relator quer garantir temas importantes e evitar lobby de empresas (Foto: Divulgação)

Novas discussões no projeto do Marco Civil pode trazer novas alterações para o conjunto de leis. O relator Alessandro Molon (PT-RJ) disse nessa quarta (7) que não pretende alterar o que chama de "espinha dorsal da proposta": neutralidade da rede, a liberdade de expressão e a proteção à privacidade do usuário.

Depois de mais de cinco horas de audiência pública para debater o projeto, Molon ressaltou que só aceitará modificações pontuais na redação do seu parecer. “Qualquer coisa que fira um desses três pilares não será aceita, em especial, a neutralidade, que é o ponto mais polêmico”, enfatizou o deputado. As informações são da Agência Brasil.

Quanto a outro ponto polêmico, que trata da oferta diferenciada de produtos na internet, Molon disse que não pretende atender aos pedidos das empresas, por entender que “fatiar” a rede seria prejudicial ao consumidor. “Precisamos garantir a neutralidade da rede, porque ela vem sendo ameaçada por práticas do mercado, por ofertas de internet fatiada”.

Já o diretor do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil), Alexander Castro, disse que proibir a oferta diferenciada de produtos vai encarecer a internet no Brasil. “Hoje, 85% da capacidade da rede é consumida por 25% dos usuários. Significa que os outros estão subsidiando esses 25%." Para Castro, se o projeto não tiver pequenos ajustes, não na neutralidade, com a qual o SindiTelebrasil está alinhado, mas na possibilidade de oferta diferenciada de produtos, os programas de massificação do governo serão afetados e o preço da internet deverá subir.

A representante do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação, Renata Mielli, defendeu o texto apresentado por Molon, mas disse que é preciso rever alguns pontos. “Somos favoráveis ao parecer praticamente na versão integral. Temos divergência pontual no que trata da responsabilização dos provedores diante da postagem de conteúdos por terceiros. Avaliamos que o provedor só pode ser responsabilizado pela não retirada desse conteúdo mediante ordem judicial”, disse Renata.

No fim do ano passado, a Câmara dos Deputados adiou por diversas vezes a votação do projeto do Marco Civil da Internet por falta de acordo. Para o relator, não há razões para adiar mais a votação. “Adiar não vai resolver o problema. Tem que se votar”, afirmou Molon.