Campuseiras acreditam que participação feminina deveria ser maior na CPRecife

Estadão Conteúdo
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Publicado em 19/07/2013 às 18:01

Nathália não conheceu meninas na CPRecife porque diz que todas vão "blindadas" por grupos de amigos (Foto: Amanda Miranda/NE10) Nathália não conheceu meninas na CPRecife porque diz que todas vão "blindadas" por grupos de amigos (Foto: Amanda Miranda/NE10)

Os homens parecem ainda dominar, em número, o mundo da tecnologia, o que não seria diferente na segunda edição da Campus Party Recife, realizada entre essas quarta (17) e sexta-feiras (19). Muitas campuseiras defendem que a presença feminina deveria aumentar na arena montada no Chevrolet Hall para o evento, porém, já admitem ter ficado surpresas com a quantidade de meninas, superior ao que algumas delas esperavam, devido ao preconceito que afirmam enfrentar.

"Tu não é menina, é menino (sic)" é um dos comentários ouvidos pela estudante de direito Fernanda Barbosa, 18 anos, por se interessar por games, robótica e astronomia. De acordo com a estudante de computação gráfica Nathália Niedja, 19, as meninas que gostam de tecnologia normalmente são vistas como se não se preocupassem com o visual, vestissem roupas largadas e usassem óculos grandes, por exemplo, características que, segundo ela, não valem para muitas e iniciam muitos preconceitos.

Meninas são, aparentemente, minoria na arena (Foto: Amanda Miranda/NE10) Meninas são, aparentemente, minoria na arena (Foto: Amanda Miranda/NE10)

"A área ainda é restrita aos homens e algumas mulheres não vêm com receio de ser julgadas", afirma Nathália. As estudantes paraibanas Raylla Quaresma, 18, e Deyse Kelly Medeiros, 17, concordam. As duas vieram de Campina Grande em um grupo de 40 alunos do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), dos quais apenas 11 eram meninas. Os dados oficiais sobre quantos dos 2 mil inscritos eram do sexo feminino só serão divulgados neste fim de semana, mas elas já têm certeza de que houve uma proporção menor de mulheres em relação aos homens.

Amigos dizem que Anne e Ana obedecem ao estereótipo da menina geek (Foto: Amanda Miranda/NE10) Amigos dizem que Anne e Ana obedecem ao estereótipo da menina geek (Foto: Amanda Miranda/NE10)

Participando pela primeira vez da Campus Party, Nathália e as paraibanas esperavam que ainda menos garotas ocupassem as bancadas espalhadas na arena. "Falo isso pelo que julgam de um evento de tecnologia. Se você olhar, até entre os trabalhadores e palestrantes há muito mais homens", afirma Deyse Kelly Medeiros.

A estudante acredita que a diferença entre o número de homens e mulheres vem de questões culturais como essas. Porém, prevê também que a realidade está em processo de mudança. "A chefe de TI (tecnologia da informação) do lugar onde trabalho é uma mulher, por exemplo", diz. Essa transformação é um desejo dela e da amiga Raylla Quaresma. Ambas afirmam que há formas simples de incentivar a participação feminina em eventos como a CPRecife, como a criação de competições de jogos e programação voltadas para as mulheres.