Doença de Parkinson tem avanços, mas enfermidade ainda é pouco conhecida

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 10/04/2013 às 19:02
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Brasil vai produzir medicamento usado por 20 mil pacientes ainda este semestre

Cerca de um mês antes do Dia Mundial de Combate à Doença de Parkinson, o Brasil dá uma boa notícia aos portadores. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai produzir ainda neste semestre o diclorhidrato de pramipexol, que tem a função de controlar as deficiências motoras causadas pela enfermidade. Com isso, o preço cairá bastante, já que até agora o País importava o medicamento de um laboratório alemão.

No Brasil, cerca de 20 mil pessoas, segundo o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), da Fiocruz, usam o medicamento. No País, estima-se que 300 mil pessoas tenham a doença, segundo a Associação Brasil Parkinson, mesmo que não tenha sido totalmente manifestado. Como o nome já antecipa, a enfermidade foi descoberta por James Parkinson em 1817, na Inglaterra, então chamada de "Paralisia da Agitação". A doença ocorre quando alguns neurônios morrem ou se degeneram. O portador, enyão, passa a apresentar tremores, rigidez nos músculos, dificuldade para andar, engolir e se equilibrar. Os sintomas podem não aparecer todos de uma vez, e como são progressivos, geralmente se manifestam com o decorrer de vários anos. Uma incapacidade grave, segundo o portal da saúde do Ministério da Saúde, pode vir entre 10 e 15 anos.

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Paciente com Parkinson, em foto de 1892. A doença era conhecida como "Paralisia da Agitação" (Foto: WikiCommons)

Desde a descoberta da doença, levou certo tempo para que os cientistas conseguissem desenvolver um tratamento. Nos anos 1960, após a identificação nas alterações bioquímicas no cérebro dos pacientes é que foi introduzido a substância levodopa, o que reduziu a mortalidade. No entanto, as reações adversas eram graves, como demência, instabilidade na postura e até congelamento. Com o tempo, os médicos foram introduzindo novos remédios além da levodopa, o que aumentou a qualidade de vida dos portadores.

O problema disso tudo: o tratamento é caríssimo. Segundo um estudo da Movement Disorders Society, dos EUA, instituição que combate enfermidades neurológicas como o Parkinson, o gasto mundial com medicamentos antiparkinsonianos é de cerca de 11 bilhões de dólares. No Brasil, o Governo oferece de graça em postos de saúde medicamentos contra a Doença de Parkinson.

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Foto: Reprodução

Avanços

Apesar de ser uma doença relativamente antiga, os avanços em seu tratamento são lentos, dada a complexidade do cérebro humano. Em junho do ano passado, um encontro em Dublin com neurologistas de todo o mundo, mostrou novidades no combate. Uma delas é o controle dos tremores através de uma técnica chamada de neuroestimulação. A fundação do ator Michael J. Fox, que sofre do mal, também investe em pesquisa.

Além de remédios, médicos têm usado cirurgias, fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional como armas para combater a enfermidade. O conhecimento sobre a doença também aumentou nos últimos anos. Em 2007, um estudo da Universidade de Aberdeen, na Escócia, mostrou que pesticidas usados na lavoura podem causar Mal de Parkinson. Pessoas que têm contato direto às substâncias tóxicas possuem 39% mais chances de contrair a doença degenerativa. A pesquisa feita com 959 parkinsonianos foi iniciada depois que um grupo de agricultores manifestou a doença. Os mesmos estudiosos também concluíram que lutadores de boxe tem 35% mais chances de contrair Parkinson pro causa dos choques cranianos durante as lutas.

No Canadá, um equipe internacional utiliza a genética para lutar contra o Parkinson. Estudiosos da Universidade da Columbia Britânica encontraram uma família local que tiveram 12 pacientes diagnosticados com a doença desde 1983. No ano passado, os familiares doaram um cérebro de um dos parentes falecidos para quem se busquem traços genéticos que levem a mais informações sobre o mal.

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Em 2003, um outro avanço. Um britânico de apenas 23 anos quebrou o mito de que apenas idosos podem contrair a doença. John Crossley-Stanbury notou os primeiros tremores em seu dedos da mão, aos 19 anos. Pensando se tratar de um problema local, simples, ele descobriu por seu neurologista que era o portador mais jovem da doença até hoje. Seu estado ainda é bastante inicial, e segundo médicos ingleses, não é grave. A biografia que John escreve vai gerar informações valiosas nunca estudadas sobre Parkinson desde o século passado.