Será que o WhatsApp é uma ameaça às operadoras de telefonia?

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 04/04/2012 às 15:47
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WhatsApp: mais barato que mandar SMS (Foto: Divulgação)

Quem tem smartphone hoje já sabe da dica: em vez de usar mensagens de texto que custam R$ 0,30 em média, o ideal é usar o aplicativo WhatsApp, que é um chat através da internet baseado no número dos telefones de seus contatos. A praticidade do app frente aos outros clientes de bate-papo, como Gtalk, é que ele é integrado à agenda de telefones do aparelho. Mas, será que este serviço é uma ameaça às operadoras?

Seu co-fundador Brian Acton declarou em uma de suas raras entrevistas que seu aplicativo estava ajudando as operadoras a atrair mais usuários para serviços de dados, os quais em longo prazo se provarão mais lucrativos para elas. As informações são da Reuters. "Da minha perspectiva, estamos facilitando um amplo movimento rumo aos planos de dados, e as entidades que oferecem esses planos são as operadoras; elas se beneficiarão substancialmente da tendência", afirmou. "O importante são os dados."

De acordo com a Allot Communications, que monitora o tráfego de Internet, o WhatsApp respondeu por 18 por cento da banda utilizada em mensagens de texto em 2011, ante 3 por cento em 2010. Há pouca dúvida de que o crescimento de aplicativos como o WhatsApp resulta em queda no tráfego de torpedos. Stefan Zehle, presidente-executivo da consultoria britânica Coleago, afirmou em texto publicado em janeiro que as operadoras de telefonia móvel de Taiwan reportaram declínio de 12 por cento no volume de seus torpedos em 2011, queda que ele atribuiu diretamente à adoção do WhatsApp por mais usuários.

Aplicativo está disponível para iPhone, Android, Ovi (usado em alguns Nokias) e Windows Phone (Foto: Reprodução)

O impacto disso sobre o faturamento é claro. A consultoria de pesquisa tecnológica Ovum calculou em relatório divulgado em fevereiro que as operadoras perderam 13,9 bilhões de dólares em receitas com serviços de texto, no ano passado. O WhatsApp não revela muitos dados sobre suas operações. Acton repetiu dois números que ele diz demonstrar a espetacular ascensão da empresa: em outubro, dois anos depois de seu lançamento, o volume de mensagens transmitido pelo WhatsApp era de 1 bilhão ao dia. Quatro meses mais tarde, o serviço havia atingido a média de 2 bilhões de mensagens diárias.

Diferente de muitas empresas iniciantes, a WhatsApp não depende de publicidade. A empresa cobra o uso do aplicativo após o primeiro ano de utilização. Acton disse que a companhia tem sido lucrativa desde 2009, mas evitou comentar números. O aplicativo está disponível para iPhone, Android, BlackBerry, Ovi e Windows Phone. [Com Reuters]